O encontro aconteceu na Fazenda Experimental Amipa, em Patos de Minas, MG. O evento realizado pela Associação Mineira dos Produtores de Algodão celebrou também os 25 anos de história e contribuição da associação para a cotonicultura mineira. O Dia de Campo é tradicional e um dos principais eventos da cotonicultura naquele estado. A programação é diversificada e técnica, reunindo produtores, especialistas, além de representantes de toda a cadeia produtiva do algodão. Palestras, visitas guiadas às áreas de plantio de algodão, estandes e áreas de exposição de equipamentos agrícolas, veículos, produtos e serviços, complementam esse importante evento.
O engenheiro agrônomo iguatuense Pedro Henrique Gomes, mestrando em fitotecnia, conta como foi a experiência de participar desse importante encontro. “Tivemos a oportunidade de participar de um evento de renome nacional da cultural do algodão promovido pela Associação Mineira dos Produtores de Algodão – Amipa, que nos deixou bastante entusiasmado para novos conhecimentos para a volta do ‘Ouro Branco’ no estado do Ceará, principalmente pelas cultivares apresentadas e lançadas no evento. Cultivares que têm alta tecnologia empregada e podem desempenhar maior produtividade no campo, maior resistência a pragas também e doenças, principalmente o bicudo, uma das principais pragas que atrapalha o cultivo do algodão, mas que hoje temos tecnologia disponível para seu controle, e que pode ser manejado durante todo o ciclo produtivo. Além, disso o uso o controle biológico para redução de produtos químicos e aplicações”, comentou Pedro.
O iguatuense destacou a presença de representantes de todo o setor da cadeia produtiva entre esses da indústria têxtil, produtores, sementeiras, engenheiros agrônomos, pesquisadores. “Foi um momento de aprendizado, mostrando o quanto é viável retornar com a produção do algodão no Ceará e de forma pujante. Hoje, cerca de 40 anos depois há um incentivo governamental através de políticas públicas para reprodução do algodão no estado, só que a cadeia do algodão está completamente diferente. Temos tecnologias que podem ajudar o pequeno e o grande produtor a terem um bom desempenho ao final de sua lavoura”, pontuou Pedro que também pesquisa a viabilidade para o retorno em maior escala do algodão cearense.
Potencial do Ceará
De acordo com Pedro, o Ceará tem grande potencial que precisa ser voltado para a produtividade. “O Ceará tem grande potencial na produtividade do algodão principalmente pelo seu clima. O algodão necessita de uma temperatura média de 20 a 30 graus e o estado consegue promover isso em sua grande maioria do território, além de luminosidade no período que a planta necessita, que influencia na qualidade do algodão, tanto na coloração, o algodão produzido aqui é bem mais branco, o que reduz muito os custos industriais, tem uma fibra maior e mais resistente. Isso gera um valor maior ao algodão cearense”, explicou.
Ainda para o engenheiro, o setor industrial é um dos maiores do Brasil. “O Ceará tem um polo da indústria têxtil que é um dos maiores do país, tendo aqui também um dos cinco maiores compradores de algodão do país, que compra essa matéria-prima de estados vizinhos ou até mesmo do Centro-Oeste e do Mato Grosso. Isso é uma receita que nós cearenses estamos perdendo, o que poderia gerar muitos empregos se o algodão voltasse com toda sua força ao interior do nosso estado”, destacou, ressaltando outro ponto importante que é a logística. “A gente perde muito também com logísticas pela distância e se fosse produzido aqui a indústria iria ganhar bem mais na redução do frete, além de não pagar imposto para outros estados. Além disso a compra é garantida, além da parceria entre a indústria têxtil e o produtor de algodão”, concluiu.
Sobre a Amipa
Como resultado desses esforços, Minas Gerais alcançou em 2023 a maior produtividade de algodão em pluma do país, com uma média de 2.045 kg por hectare, conforme dados da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). A Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa) é uma entidade civil, sem fins econômicos, que se dedica há mais de duas décadas à promoção e ao fortalecimento da cotonicultura sustentável em Minas Gerais e ao apoio aos seus produtores associados na evolução dos empreendimentos algodoeiros.
Sediada em unidade matriz em Patos de Minas (MG), a Associação responde por ações estratégicas que identificam e disseminam no estado as melhores tecnologias produtivas existentes. Seu objetivo maior é integrar seus associados em projetos e programas para viabilizar a melhoria constante da qualidade e da competitividade do algodão mineiro no Brasil e exterior.
Perspectivas para a safra de algodão
A colheita da atual safra de algodão no Brasil começou com boas expectativas de produção e qualidade. Segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), até 13 de junho de 2024, 1,3% da área havia sido colhida, com mais de 80% das lavouras em maturação. A estimativa é de uma produção de 3,5 milhões de toneladas, representando um aumento de 12,2% em relação à safra anterior.
Durante o mês de maio de 2024, o Brasil registrou um aumento expressivo em suas exportações de algodão, com um volume total de 229,4 mil/t, gerando uma receita de US$ 488,5 milhões. Esses números representam um crescimento significativo de 280% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, o preço médio por tonelada vendida teve um incremento de 6,1% em relação a 2023. Este aumento nas exportações reflete a contínua demanda global pelo algodão brasileiro, consolidando sua posição como um dos principais players do mercado internacional.
Em Minas Gerais, os números contabilizados pela Amipa, via núcleo de atuação Georreferenciamento e Dados, também trazem um cenário favorável. Com uma área plantada de 32.106 mil/ha, a produção total de fibra de algodão é projetada para 65.570,44 mil/t, com uma produtividade média esperada de 2.042,31 kg/ha. Destaca-se um aumento significativo de 24,21% na área plantada em comparação com a safra anterior.
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