To Elma.
William Skakespeare escreveu 154 sonetos na forma elisabetana. Falam sobre o amor, o tempo, a solidão, a morte e outros temas atemporais. Ensinam-nos que a verdadeira literatura trata do homo immutabillis et atemporallis, não de modismos, popularismos e outras manifestações inexpressivas. O clássico é imorredouro.
Traduzimos para o vernáculo, em alexandrinos clássicos, o soneto 151. É um poema pleno de filosofia, evocações mitológicas e puro lirismo. Um presente nosso a você, leitora sensível e erudita.
SONETO 151
Love is too young to know what conscience is;
Yet who knows not conscience is borne to love?
Then, gentle cheater, urge not may amiss,
Lest guilty of my faults thy sweet self prove:
For, thou betraying me, i do betray
My nobler part to my gross body’s treason;
My soul doth tell my body that he may
Triumph in love; flesh stays no farther reason;
But, rising at thy name, doth point out thee
At his triumphant prize. Proud of his pride,
He is contented thy poor drudge to be
To stand in thy affairs, fall by the side.
No want of conscience hold it that i call
Her love for whose dear love i rise and fall.
SONETO 151
Tão jovem é o Amor p’ra consciência ter;
Então quem tendo o Amor pode ainda pensar?
Trapaceiro gentil, não venhas a incitar
Meu erro p’ra que em mim tu o possas provar.
Para que, traindo-me, eu possa te trair;
Do corpo a traição à minha nobre parte;
Minh’alma ao corpo diz: triunfe de tal arte.
Do entendimento a carne não está à parte.
Nego o teu nome e sou teu prêmio triunfante;
Do teu orgulho orgulhoso, feliz no instante.
Mas só por existir é tão duro o meu fado;
E apego-me aos teus medos e caio ao teu lado.
Não, não quero a consciência que estou a clamar.
Caro Amor por quem caio e torno a levantar.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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