QUIDVE PETUNT ANIMAE?

18/10/2024

(Virgilius)

 

Lux! E jamais voltar ao sono escuro

À sede da matéria…

Ser uma sombra etérea,

Ser o infinito o único futuro!

 

Não lembrar! Ter a inocência da água;

Ser pedra eternamente!

Tal qual o mar onde o rio deságua

Em música silente…

……………………………………………………………………………………….

 

O título desta nossa pequena ode é uma citação de Virgílio, Eneida, retirada do Canto VI. Como sabeis, Eneas desce ao Hades acompanhado pela Sibila à procura de iluminação para seguir a sua Missio. Os primeiros momentos da Catábasis são críticos, dolorosos, pois o herói se depara com os suplícios daquele horrendus locus. A certa altura, profundamente compungido, ele vê um grupo choroso de almas a vagar. Então indaga à sacerdotisa: Quidve petunt animae? (o que pedem as almas?).

Tentamos, à luz da poesia, responder a esta pergunta sub specie aeternitatis. Talvez as almas não queiram mais mergulhar no Letes; talvez estejam extremamente cansadas… Pesa-nos sobremaneira o Fado. A própria ideia de cumprir a missio é sofrivelmente concebida. Então sonhamos apenas com a inocência, com a calma absoluta da pedra, com o rio que flui como música….

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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