Christina Rossetti

13/12/2024

“Even so my lady stood at gaze and smiled…”

Dante Gabriel Rossetti

 

Christina Georgina Rossetti (1830-1894) foi uma das máximas ladies da honorável Victorian Poetry. Ricamente educada desde a infância, sabia grego, latim, várias literaturas e era profundamente refinada. Atuou como tutora nas aristocráticas famílias de Londres e teve uma vida recatada, austera como convinha (e ainda convém) a uma mulher de espírito altivo, intelectual. Intentou casar-se por duas vezes, mas escrúpulos religiosos a impediram. Finalmente morreu vítima de um câncer, marcada por uma forte melancolia.

Escreveu uma sadest poetry, como bem definiu Robert Bernard, crítico da Universidade de Princeton. Romântica in nuce, ratificamos. Uma alma infelizmente tolhida pelas rígidas convenções vitorianas. Por outro lado, estes mesmos grilhões a tornaram sensitivamente poética. Dedicou-se deveras aos estudos, à poesia e especialmente aos infortúnios do irmão, também poeta de alto mérito, Dante Gabriel Rossetti.

Christina foi uma sílfide etérea entre os mortais. Que poeta romântico ou simbolista não teria amado os seus profundos e misteriosos olhos, seu rosto delicado, de feições principescas? Traduzimos para o leitor, em versos decassílabos rimados, um dos seus poemas. Foi escrito no dia 6 de fevereiro de 1849.

                      SONG

Oh roses for the flush of youth,

And laurel for the perfect prime;

But pluck na ivy branch for me

Grown old before my time.

 

Oh violets for the grave of youth,

And bay for those dead in their prime;

Give me the withered leaves i chose

Before in old time.

 

                    Canção

Oh rosas ao rubor da juventude

E o laurel da perfeita floração;

E a mim, nascido na decrepitude,

Colham um ramo da velha estação.

Oh violetas para a sepultura;

Tudo o que morre em seu perfeito estado.

As folhas murchas, dai-me, e a formosura

Das coisas florescidas no passado.

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