Escrevo a coluna de hoje no teclado do celular, enquanto paro num e noutro sinal de trânsito. É que esqueci de fazê-lo em hora oportuna, cumprindo pauta da última edição do jornal A Praça em 2024. Como de costume, a cada final de dezembro, ocorre-me lembrar de abordar o que foi para nós brasileiros este ano, tão confuso e complicado em tantos aspectos.
Na política, vimos se consolidar uma relação não muito republicana entre os poderes, com ênfase para a mais desavergonhada Câmara de Deputados, e um Executivo que se viu impotente para resistir às investidas inconfessáveis do presidente Artur Lira e sua corja. Para não falar de um STF que, à exceção do ministro Alexandre de Moraes, dá-se a ver ambíguo e sem linha de ação criteriosa, a que se soma, por evidente, um quadro ameaçador para o Estado democrático de Direito, e a resiliência de uma extrema direita que se mostra em inegável condição de concorrer com chances à presidência da república em 2026, em que pese a inelegibilidade de sua principal liderança.
Na economia, em que pesem os números favoráveis a indicar acertos (inflação sob controle, empregabilidade em alta e índice de crescimento acima do previsto etc.), sobressaem as estimativas negativas de um “mercado” insaciável em sua ganância e desmesurado em sua falta de pudor.
A meio caminho da conclusão de seu terceiro mandato, o presidente Lula termina o ano sem apresentar um projeto de governo convincente, deixando a desejar em termos da preservação do meio-ambiente, da adoção de políticas eficientes em relação aos indígenas, aos afrodescendentes, às mulheres e outras minorias.
Dito isso, cumpre-me ressaltar que nenhum outro político brasileiro reúne, tanto quanto o atual presidente da República, qualidades indiscutíveis de tocar o país no rumo do desenvolvimento com justiça social, alcance geopolítico e correção no uso dos recursos sustentáveis, o que nos anima a continuar acreditando na possibilidade de um futuro melhor para todos os brasileiros, sem distinção de classe, de credo, de raça e, democrata que é, liberdade de pensamento.
Nas artes, apesar das perdas de nomes importantes, a exemplo do ator Ney Latorraca e do escritor e cartunista Ziraldo, o Brasil desponta no cenário cinematográfico internacional com chances reais de arrebatar o primeiro Oscar. Independentemente disso, para gáudio dos cinéfilos, reedita o diretor Walter Salles o sucesso de crítica e bilheteria de “Central do Brasil” (1998), e expõe, mundo afora, esbanjando sensibilidade estética, exatidão histórica e rigor analítico, as atrocidades da ditadura militar no Brasil.
Por último, na linha do que nos adverte Paulinho da Viola, em conhecida canção, atento ao fato de que “o sinal vai abrir”, e pouco de tempo me resta para exaltar as conquistas do Glorioso, campeão brasileiro e da América.
Feliz Ano Novo, queridos amigos e leitores!
Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais
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