Graduado em Letras pela UECE/FECLI, pós-graduado na mesma área pela FAVENI e com outras três aprovações, inclusive uma delas em Matemática, também pela UECE, Bruno da Silva Pinheiro, 33, trabalha como ‘servente’ no SAAE-Serviço Autônomo de Água e Esgoto.
Bruno é filho natural do município Jaguaretama e mora em Iguatu há quase 15 anos. Ele exerce, sem nenhuma cerimônia, a função de trabalhador braçal na Estação de Tratamento de Esgoto e às vezes até vai para campo auxiliar no trabalho de desobstrução de esgotos. Com as qualificações que já tem, ele poderia ter conquistado algo melhor, mas como o próprio afirma, isso é uma questão de tempo e a remuneração mais alta é uma consequência. “A remuneração é uma consequência, mas, antes, tenho de cursar um mestrado da vida”, lembrou. Bruno é questionado constantemente de por que está numa função de nível inferior, quando ele tem nível superior. “Muitos até me questionam, mas costumo dizer que antes de ser o que sou, seguramente, sou pobre, e não nasci sabendo, por certo, aprendi estudando”. Assim foi quando ele trabalhou como auxiliar de limpeza urbana (gari), também por aprovação em concurso do município. Para cada abordagem, uma resposta: “Eu acredito que todo conhecimento é válido, além disso, cada área apresenta seu valor social”.
Antes Bruno Pinheiro trabalhou como corretor de textos de redação nos colégios Amélia Figueiredo e Filgueiras Lima. Com frequência é convidado para ministrar aulas de reforço para candidatos a concursos, Enem, vestibulares e sempre encarregado de fazer correções de monografias e teses de mestrado.
Bruno é viciado em estudar. Ele pode ser considerado o ‘rei dos concursos’. Já foi aprovado nos concursos para (‘vigilante’ em Icó – tomou posse, depois renunciou), (vigilante em Jucás – não tomou posse), (Câmara de Vereadores de Iguatu, ficou entre os 20 primeiros – não convocado), (agente penitenciário em 2017 aprovado, depois eliminado nota de corte), (auxiliar de limpeza urbana – Iguatu empossado, depois renunciou), (professor PEB II – Acopiara, aguardando convocação), (professor PEB II Jucás – aguardando a prova prática), (‘servente’ SAAE de Iguatu empossado), órgão onde trabalha atualmente.
Tempo e inspiração
Para estudar e carimbar aprovação em concursos Bruno usa o método Ciclo de Estudos Perpétuo, criado por um delegado de polícia civil de Santa Catarina, outro viciado em estudar e aprovado em concurso para delegado de Polícia Civil. De acordo com Bruno, o método consiste em traçar uma linha tênue entre o tempo e a ocasião, sem importar o dia, o lugar, tampouco o horário. “O que importa é estudar em relação ao tempo que se tem, todo tempo é válido, 10 minutos no ônibus, na esquina à espera do ônibus, duas ou três horas não importa o tempo. O tempo é relativamente, a constância é o primordial”, frisou.
Além do método Bruno revelou que também usa a dica infalível do filósofo Mário Sérgio Cortella cuja tese é: “A melhor forma de aprender é ensinar o que se sabe, porque ao ensinar, você pode perceber onde está errando, onde está acertando, onde pode melhorar, melhorar o que já se sabe”, afirmou.
Bruno não aprende só naquilo que pratica na vida profissional atual, ele se revela um amante da leitura e quando não está em nenhuma atividade que o impeça seu melhor passatempo é a leitura e um bom livro. Bruno acredita que é possível vencer por meio do estudo. Ele gosta de parafrasear o saudoso médico e político Enéias Carneiro que afirmava: “Só o conhecimento liberta o homem; libertar até de si mesmo”.
Tudo que foi escrito a respeito deste cara foi para uma síntese de que ele é alguém em quem qualquer pessoa possa se inspirar. Até mesmo quando parafraseia Mário Cortella: “Não somos imortais, mas podemos ser eternos”. Na visão de Bruno, “O ser eterno de Cortella é quando é lembrado em uma conversa, em um conselho deixado, em uma palavra amiga, em um gesto acolhedor na hora da angústia, ou ainda, até na alegria, em seus ensinamentos e exemplos”.
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