Justiça condena réus dos ‘Crimes do Sítio Canto’ a mais de 38 anos de prisão

14/02/2025

O Tribunal do Júri Popular da Comarca de Iguatu reuniu-se no Fórum Boanerges de Queiroz Facó para o julgamento da morte do estudante Jheyenderson de Oliveira Xavier. O caso faz parte da série de assassinatos conhecidos como “Crimes do Sítio Canto”, ocorridos na zona rural de Iguatu entre 2017 e 2018. A sessão de mais de 10 horas do tribunal ocorreu na terça-feira, 11, composta por sete jurados e presidida pelo juiz Eduardo André.

Os réus Roberto Alves da Silva e Desiree Dantas (identificado à época do crime como Gleudson Dantas Barros) foram sentenciados a mais de 38 anos de prisão em penas somadas. Eles foram julgados pela prática de homicídio qualificado contra a vítima, além de outras acusações, como ocultação de cadáver, corrupção de menor e posse ilegal de arma de fogo.

Desiree Dantas foi condenada por todos os crimes pelos quais havia sido pronunciada. Roberto Alves da Silva também foi condenado pelo homicídio qualificado, mas teve uma diminuição na pena devido à sua colaboração com a investigação policial. Ele também foi condenado pelos crimes de posse ilegal de arma de fogo e ocultação de cadáver, sendo absolvido da acusação de corrupção de menor.

A pena de Roberto Alves da Silva foi fixada em 16 anos, 6 meses e 15 dias de reclusão, além de 1 ano e 15 dias de detenção, com multa correspondente a 20 dias-multa. O cumprimento da pena iniciará em regime fechado.

Já Desiree Dantas recebeu a pena definitiva de 21 anos, 7 meses e 17 dias de reclusão, também com início em regime fechado.

Julgamento anulado

O julgamento da terça-feira ocorreu após a Justiça anular, em 2021, as condenações e sentenças anteriores dos réus. Na época, a reviravolta ocorreu devido à intervenção da defesa, que alegou descumprimento do quórum legal para a formação do Conselho de Sentença.

Ritual macabro

Segundo o Ministério Público, os acusados mataram quatro pessoas após atraí-las para o Sítio Canto, localizado na região do Distrito de Suassurana, na zona rural de Iguatu. Durante as investigações, os próprios réus confessaram que os assassinatos faziam parte de um ritual macabro, cujo objetivo era conquistar o prêmio máximo da Mega-Sena.

Conforme a polícia, Desiree, Roberto e um adolescente (que faleceu durante as investigações) atraíam as vítimas ao sítio, realizavam um ritual envolvendo seus rostos e em seguida as executavam com tiros na nuca. Um dos condenados afirmou, na época, que desejava obter “poderes divinos”, mulheres e “poder para desafiar qualquer um”, segundo o delegado da Polícia Civil, Marcos Sandro Lira.

Crimes pendentes

Em setembro de 2023, os dois já haviam sido condenados pelo assassinato de Mikael de Souza Melo, ocorrido em 12 de outubro de 2017. Na ocasião, Desiree Dantas foi sentenciado a 19 anos, 4 meses e 15 dias de prisão em regime fechado, enquanto Roberto Alves da Silva recebeu a pena de 18 anos, 5 meses e 15 dias de reclusão.

Ainda restam ser julgados os assassinatos de Ane Jaqueline da Silva, desaparecida em 30 de junho de 2017 na cidade de Deputado Irapuan Pinheiro, e de Francisco de Assis de Lima, conhecido como “Vilmar”, morto em 1º de dezembro de 2017. Os restos mortais das vítimas foram encontrados na mesma residência utilizada pelos acusados para os rituais.

MAIS Notícias
Fiscalização vai apertar cerco contra abandono de veículos nas ruas
Fiscalização vai apertar cerco contra abandono de veículos nas ruas

Um problema reclamado por usuários do trânsito e a população de Iguatu como um todo são os veículos abandonados em via pública. Este periódico já publicou reportagem em edição anterior, a partir de reclamação dos leitores. Os locais apontados pelos denunciantes na...

A produção de cadeiras em Iguatu e seus desafios
A produção de cadeiras em Iguatu e seus desafios

Iguatu guarda sua particularidade socioeconômica com a produção de cadeiras. Um setor fabril do município que cresce significativamente ao longo dos últimos dez anos, gera empregos direitos e indiretos, ajuda a circular dinheiro dos salários no comércio e ajuda o...

Dona de casa empreende com fabricação e venda de cocadas caseiras
Dona de casa empreende com fabricação e venda de cocadas caseiras

Bia Cândido chegou ainda criança a Iguatu, vinda da zona rural de Acopiara com o com os pais e os irmãos, em busca de uma vida melhor, trabalho, de estudo. Nesta cidade trabalhou no serviço de doméstica ainda muito jovem, casou, teve dois filhos, mas sempre o tino de...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *