A inteligência artificial ou os artifícios da leitura?

22/02/2025

João Ângelo de Araújo (Professor)

 

O professor de Literatura de uma escola pública do Ceará levou uma turma do primeiro ano do ensino médio para conhecer a biblioteca da escola e também para mostrar imagens das bibliotecas mais importantes do mundo. Na sequência, mostrou as imagens das bibliotecas brasileiras, incluindo a Biblioteca Pública Estadual do Ceará – BECE.

Após mostrar as imagens e comentar sobre as estruturas e os acervos das referidas bibliotecas, o professor levantou questionamentos sobre o pouco número desses ambientes de estudo e de socialização na periferia da capital e nas cidades do interior. E pediu que a turma refletisse por que não havia grandes bibliotecas com estruturas para leituras compartilhadas: galerias, colchonetes para deitar, pufes e até lojas, cafezinhos, computadores, livros de tamanhos, formas e materiais diversos, jogos…

Vale ressaltar, que o uso do celular não foi permitido para consulta e houve um silêncio profundo no início da aula, depois as equipes foram convidadas expressar opiniões. E, para surpresa da turma e do professor, apenas dois alunos conseguiram apresentar seus questionamentos. Os demais não falaram porque não puderam pesquisar.

Fala do aluno 1: “Eu acredito que as bibliotecas não são vistas como coisas importantes porque a maioria das pessoas do interior e das periferias não sabe ou não gosta de ler”.

Fala do aluno 2: “Acho que as bibliotecas são vistas apenas como luxo e pobre não quer luxo, pobre precisa é de encher o bucho e de se divertir”.

Após a fala do aluno 2, os outros riram e fizeram comentários repetidos. Com isso, o professor perguntou quem costumava ler. Apenas o aluno 1 tinha o hábito da leitura e o aluno 2 lia somente quando era necessário, lia por obrigação. Os demais buscavam resumos de livros na internet e faziam os trabalhos com o uso do Chat GPT.

Nesse momento o professor mostrou a importância da leitura e convidou os alunos para contarem histórias a partir das suas vivências. Metade da turma conseguiu falar sobre a vida em família, experiências na escola anterior, partidas de futebol, brincadeiras, brigas na rua e confusões por causa de mensagens de WhatsApp.

Dessa forma, o professor incentivou os alunos a desenvolverem o hábito da leitura e da escrita e concluiu a aula falando a respeito da falta de investimento e de visibilidade das bibliotecas nas periferias e nas cidades do interior. Ressaltou que a falta de investimento nas bibliotecas é um fator político e histórico que desmotiva as pessoas a buscarem melhorias de vida através do conhecimento. Comentou também que os países desenvolvidos valorizam as bibliotecas, os livros, a leitura e a escrita. Pois, quem lê e escreve bem, jamais se torna escravo da inteligência artificial.

Na sequência, uma aluna fez a seguinte observação: “A gente copia e cola da internet ou pede para o Chat fazer os trabalhos porque fica mais bem feito e a gente não perde tempo com essa chatice de escrever”.

E o professor explicou novamente. Não sou contra as tecnologias e nem condeno a pesquisa. Porém, gostaria de perguntar:

Você, que ainda não despertou o prazer pela leitura, vai desenvolver seus próprios artifícios para ler e interpretar o mundo ou vai deixar que a inteligência artificial substitua sua capacidade de pensar?

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