Cada artista se move como pode para fazer sua arte chegar até o público. Isto inclui malabarismo nos semáforos, danças coreográficas em cruzamentos de avenidas, tocar um instrumento pelas costas e expor quadros de pintura na calçada. Este último, foi a moldura que as lentes do repórter captaram.
Na Rua José de Alencar, à altura do número 434 o artista plástico, Edilson Lima, 53, expõe seus quadros em acrílico e tela, na esperança de que a clientela aprecie e leve para casa. Cada quadro, com belas paisagens pode ser adquirido até por R$ 100,00. Ele não faz rascunhos das pinturas, não tem desenhos nem imagem impressa. Tudo é buscado na imaginação.
Na pressa do dia-a-dia as pessoas vão circulando por alí naquela viela estreita, quase sem tempo para parar e conhecer as pinturas. Os quadros são colocados no chão, um ao lado do outro, e dão um colorido original ao trecho, tornando mais alegre a manhã de quem vai passando. A tinta no tecido com a visão natural do artista, que tenta se restabelecer do vício do álcool, exibe uma arte única, exclusiva, ou seja, cada quadro é como se fosse uma impressão digital do Edilson, não tem cópia idêntica e provavelmente não será encontrada em lugar nenhum.
Pelo fato dos quadros exibirem estampas exclusivas e as paisagens não se repetirem podem decorar qualquer ambiente da casa ou escritório. As paisagens transmitem tranquilidade, paz e harmonia. Ver faz encher os olhos. O colorido das paisagens, a impressão naturalista, a leveza que ele imprime nas estampas.
Edilson Lima é filho natural da cidade de Crateús, no Sertão Central, mas viveu o tempo todo em Fortaleza. Da infância simples, quando ele descobriu as habilidades para os desenhos, até a vida adulta. Antes de migrar para Iguatu estava na Beira Mar, onde vendia seus quadros para turistas. O artista disse que começou a pintar os quadros quando tinha 25 anos de idade. É um trabalho que requer criatividade e talento, habilidades que ele carrega o DNA já que estudou pouco, correspondente ao 5º ano do Fundamental I.
Edilson estava enfrentando sérios problemas com o vício do álcool. A vinda para Iguatu partiu de um amigo de longas datas, José Edgar Pereira, 69 ‘o homem de preto’. Edgar é um multi-profissional, trabalha consertando sapatos, já trabalhou como vigilante durante 43 anos para o município, mas ele se realiza mesmo é como músico. Já se apresentou com Waldik Soariano, Jonas Andrade (aquele da ‘véia debaixo da cama) e foi vocalista da extinta banda iguatuense ‘Os Loucos’, com outros músicos, Hildon Lopes, Zezito e Cézar.
Há cerca de um mês, Edgar montou um bar para seu neto. Ironia do destino ou não, é neste local onde ele abriga o amigo Edilson. Dorme lá, em meio a quinquilharias, churrasqueira, objetos domésticos e garrafas de cachaça, mas garante que abdicou do vício, não bebe. É neste espaço, onde durante o dia ele confecciona os quadros usando peças de madeira e tecido e depois realiza as pinturas. Nas paredes do recinto, Edilson já imprimiu sua marca. Pintou paisagens e um ‘retrato falado’ de Edgar, segundo ele, a imagem foi copiada da capa de um CD gravado pelo velho amigo músico.
0 comentários