O aumento do preço da carne bovina foi puxado pelo crescimento das exportações do produto para o mercado chinês e alta do preço do boi gordo, tendo influência do aumento do valor do dólar.
De acordo com economista Kélvio Felipe, professor do IFCE campus Iguatu, “O dólar se valorizou muito frente ao Real. Com isso se tornou produto nacional mais barato frente aos concorrentes, e fez com que ampliasse a procura por esse nosso produto para exportação. Houve uma doença, peste suína na China, onde tiveram que sacrificar centenas de milhões de porcos. Isso fez com que eles substituíssem a carne suína pela bovina. E a nossa por conta está mais barata para exportação por causa da desvalorização do Real”, explicou.
Queda de 40%
Em Iguatu, segundo comerciante no Mercado Central, a venda de carne bovina caiu em torno de 40%, depois do aumento. “Pelo menos no meu comércio senti uma queda nas vendas entre 35% a 40%. Eu matava por semana quatro bois. Agora só dois e na peleja pra vender. A gente teve um aumento de R$ 70,00 para comprar o animal. Um susto porque a carne é o produto que a gente tem para trabalhar e tirar daqui o nosso sustento. Se sobe para comprar, infelizmente tem que ser repassado para o cliente. Isso é bom que eles entendem. O preço não subiu porque eu quis, fulano ou cicrano. É o mercado que é assim”, esclareceu o marchante José Alaor.
Sem churrasco
A movimentação mais fraca de consumidores reflete diretamente na venda, principalmente da carne vermelha. Queda confirmada pelos consumidores. Muitas pessoas reduziram a compra de carne vermelha por conta do aumento de preço do produto. “Comprava antes cinco, seis quilos de carne por semana. Agora levo em média quatro litros. Isso já faz diferença. Antes fazia um churrasco em casa com família, duas vezes por semana, agora vai ser uma vez por mês e olhe lá, porque está realmente mais caro. Aqui no mercado a gente compra ainda carne com qualidade e mais barato que em alguns supermercados da cidade”, afirmou Roberto Alencar, contabilista.
“O gado praticamente sumiu do mercado local. O pouco que tem está custando caro para comprar. Esse aumento nem a gente esperava. Além disso, tem a seca, outro fator que fez nosso gado desaparecer. Esperamos que Deus mande uma chuva boa pra aumentar nosso rebanho de novo”, ressaltou o também marchante Raimundo Lourenço.
Aumento de 40%
Com a dificuldade de levar carne para casa, muitas pessoas estão buscando alternativas para substituir esse alimento. Tem peixe, frango, ovo, queijo, e outras carnes, entre elas a de porco. Rafael Silva, dono um box no mercado que só comercializa a suína, ressaltou que nos últimos dias teve um aumento em torno de 40% nas vendas, vende praticamente um porco por dia. “O quilo da carne de porco vendo aqui por R$18,00. Antes matava quatro porcos por semana. Agora é um todo dia. Aos sábados, aumenta a demanda, semana passada foram dois porcos. A expectativa é que até final do ano continue vendendo bem”, comemorou.
Os comerciantes afirmam que a tendência é de nova alta no preço da carne bovina. “É um aumento sem volta, porque nem mesmo a gente sabe como vai ser amanhã. Tudo tá ficando caro”, concluiu seu Alaor.
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