Comunidades e lideranças cobram continuação da obra do Trussu

21/12/2019

Moradores, presidentes de associações e lideranças comunitárias da Região do Distrito de Suassurana e de Iguatu estiveram reunidos na tarde da última quarta-feira, 18, com o objetivo de cobrar do DNOCS a continuação da obra de recuperação da parede do açude Dr. Carlos Roberto Costa, o Trussu.

A barragem passou a apresentar problemas na parede decorrentes da falta de manutenção, nos últimos anos. “Andar por aqui é um perigo. A gente corre risco toda vez que precisa andar por cima dessa parede. Agora é só buraqueira. No inverno é muita lama. Seria bom que consertasse a parede logo porque faz tempo que a gente só escuta promessas e nada”, lamentou o agricultor Francisco Diassis Ribeiro.

Galhos de árvores foram colocados por moradores nos buracos mais profundos, para sinalizar os locais de risco. “Eu já peguei uma vara de mais de seis metros, coloquei num buraco desses e não chegou no fim. Daí a gente tira o risco que essa parede está correndo. Porque nesses mais profundos quando chove a água escorre toda pra dentro dos buracos. Vai destruindo tudo por dentro”, acrescentou João Pereira do Nascimento, presidente da Associação de Moradores do Sítio Volta.

Segundo moradores, as obras de recuperação da barragem estão paralisadas há mais de 45 dias

Medo de uma tragédia

O Trussu é o principal reservatório que abastece Iguatu, mas está com menos de 2% da capacidade de armazenamento, isso por conta da seca dos últimos anos. A preocupação de moradores e representantes de associações comunitárias da região é também com outros problemas apresentados no manancial principalmente pela falta de manutenção na parede do Trussu. “Só temos a dizer para nossos governantes que tomem providências com isso aqui urgente, porque são centenas de vidas, de famílias que estão em risco. Porque se o açude, Deus o livre, encher, pegar grande volume de água do jeito que está, pode correr risco de arrombar. Não queremos viver uma tragédia dessas. Nós ficamos assustados com o que estávamos presenciando aqui”, disse Evanilson Saraiva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu.

O Trussu é o principal reservatório que abastece Iguatu, mas está com menos de 2% da capacidade de armazenamento

Segundo moradores, as obras de recuperação da barragem estão paralisadas há mais de 45 dias. “Fizeram aqui só parte do roço. Os buracos continuam, as rachaduras continuam. Tem formigueiro nessa parede. Esperamos que tudo isso seja consertado e logo. A empresa começou, fez só isso e sumiu. Não vimos mais movimento por aqui”, denunciaram os moradores diretamente ao superintende do DNOCS, Rossilônio Magalhães, durante uma visita para fiscalizar in loco a situação da obra.

Alto Risco

O mais recente Relatório sobre Segurança de Barragens realizado pela Agência Nacional de Águas – ANA aponta que o Ceará é o estado nordestino que mais apresenta barragens classificadas com Alto Risco. Nove no total entre elas o Trussu.

Conforme o estudo, realizado a partir de fiscalizações nos próprios reservatórios, estes apresentam problemas estruturais considerados preocupantes, como deformações e anomalias em estrutura de paredes e sangradouros, segundo a ANA, os açudes que mais preocupam são o Ayres de Souza, em Jaibaras; o Forquilha, em Forquilha; Frios, em Umirim; Paulo Sarasate, em Varjota; Pompeu Sobrinho, em Choró Limão; o Trussu, em Iguatu; Várzea do Boi, em Tauá; Jaburu I, em Ubajara; e Lima Campos, em Icó, que está em fase de conclusão. Destes, três tiveram serviços de recuperação contratados pelo DNOCS: o Lima Campos, o Trussu e o Várzea Do Boi. Todos pertencem ao órgão.

Cronograma

Rossilônio Magalhães explicou o posicionamento do órgão em relação ao estudo feito pela ANA, afirmando que os açudes citados não apresentam risco de rompimento. Ainda segundo o superintendente, a obra deve ser retomada a partir de janeiro, conforme foi cobrado da empresa responsável.

Em relação à obra, o engenheiro civil Luzilson Leite, responsável pela Construnova, empresa encarregada nos serviços de recuperação da parede do açude Trussu, considera que não houve atraso na liberação de recursos. “Dentro do nosso cronograma, não consideramos que houve atraso por parte do DNOCS, assim como também explicamos porque a obra não está paralisada. Estamos com oito barragens para reparar aqui no estado. Estamos seguindo o andamento das obras, algumas delas mais avançadas que o Trussu, mas aqui não está parada”, apontou. O engenheiro afirmou que a obra segue um cronograma previamente definido pela empresa. O superintendente do DNOCS concluiu afirmando que o órgão está em dia com todas as empresas que estão prestando serviços.

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