Marcos Sandro Nazaré de Lira

25/01/2020

Nesta edição do A Praça, o entrevistado é o delegado regional de Polícia Civil, Dr. Marcos Sandro Nazaré de Lira. O bacharel traça balanço do trabalho da Polícia Civil ao longo do ano de 2019 em Iguatu e região e comemora os índices de redução da violência na área de jurisdição da DPC, principalmente os homicídios que caíram 60% em relação a 2018. Na entrevista, Marcos Sandro também enfatiza a elucidação dos crimes de morte contra a vida que alcançaram 65%

A Praça – Delegado, como o senhor analisa o ano de 2019 em relação ao trabalho da Polícia Civil?

Marcos Sandro – 2019 foi um grande ano para a Segurança Pública do Estado do Ceará, com declínio de quase todos os índices de criminalidade, fruto de grande investimento no setor do Governo do Estado. Tal tendência não foi diferente para a Polícia Civil, que demostrou forte ação perante a criminalidade, seja à frente dos pequenos delitos, seja combatendo as facções criminosas. Essas ações refletiram em prisões de perigosos criminosos e grandes apreensões de materiais ilícitos, que culminaram na diminuição dos índices em comento.

A Praça – Em 2019, houve redução considerável no número de homicídios em Iguatu. Caíram também os números dos assaltos à mão armada, arrombamentos e ataques a carros-fortes, em nível de região. Na concepção do senhor, com base nas estatísticas, o que cooperou para esses resultados?

Marcos Sandro – Apesar de todo gestor de segurança pública batalhar para que os números da criminalidade de sua região sejam perto de zero, muito há de se comemorar com relação à redução dos crimes em Iguatu e região. O ano 2019 apresentou o menor índice de homicídios dos últimos 15 anos, fechando o ano com 15 homicídios (sendo dois deles considerados pela polícia, latrocínio – roubo seguido de morte), 60% a menos que o ano 2018. Desses crimes, que culminaram em óbito, a Polícia Civil de Iguatu chegou à autoria de 65% destes. Acho que essa frente forte perante a impunidade, formando uma parceria efetiva com a Polícia Militar do Ceará, Ministério Público e Poder Judiciário, propiciou a queda nos números de quase todos os crimes ocorridos na região de Iguatu.

A Praça – Ao longo do ano de 2019, o senhor e sua equipe de investigadores conseguiram recuperar mais 150 aparelhos de telefone celulares roubados e furtados. Isso dá uma média acima de 10 aparelhos por mês. Como este trabalho foi possível?

Marcos Sandro – Quando assumimos a titularidade da pasta da Delegacia Regional de Iguatu, percebemos que os crimes contra o patrimônio, notadamente o furto e o roubo de aparelhos celulares, eram os principais pontos de reclamações da população. Então instituímos o Núcleo de Combate aos Crimes contra o Patrimônio, o qual em ações concentradas, conseguiu recuperar 155 aparelhos celulares roubados/furtados/extraviados. Com esse constante combate, o número de roubos e furtos caiu drasticamente em Iguatu, em comparação aos últimos 03 anos. Sempre friso que a impunidade é a principal alavanca da criminalidade, e a luta contra essa sensação de impunidade é o principal alvo das ações da Polícia Civil do Iguatu.

A Praça – Em relação à elucidação dos crimes, principalmente os casos de homicídios de 2019, em termos percentuais, o que o senhor tem a apresentar à sociedade? Houve algum caso em particular que mereceu atenção especial?

Marcos Sandro – Da porcentagem de 65% dos homicídios ocorridos no Iguatu, e elucidados pela Polícia Civil, vários tiveram grande repercussão na cidade, porém, dois deles causaram maior clamor público; um ocorrido dentro de um motel da cidade, quando a vítima foi enforcada pelo assassino com um cinto, e um outro, onde a vítima foi executada e em seguida, foi queimada pelo acusado por várias horas na zona rural de Iguatu/Acopiara. Em ambos os casos, a Polícia Civil de Iguatu elucidou os crimes descobrindo as autorias, consequentemente culminando com suas respectivas prisões em um impressionante lapso temporal de uma semana.

A Praça – Com a desativação do presídio, agora funcionando somente como presídio feminino, não dificulta um pouco o trabalho da polícia, na hora de encaminhar o detento para o cumprimento de pena?

Marcos Sandro – Após a conclusão das investigações por meio de relatório e encaminhamento ao Ministério Público, as questões de cumprimento de pena e sua administração ficam à cargo da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). Resta ser ressaltado que atualmente as detentas mulheres autuadas pela Polícia Civil não estão mais ficando na cidade de Iguatu, e sim, são levadas para o Centro de Triagem na cidade de Crato.

A Praça – A delegacia regional continua funcionando no regime de plantões de 24 horas? Quantos delegados integram a equipe atualmente? Ainda há defasagem de pessoal, principalmente inspetores, escrivães, investigadores?

Marcos Sandro – Iguatu tem o privilégio de contar com uma delegacia que funciona 24h, atendendo a população de toda a região. São lotados para funcionamento de toda essa demanda, que À noite chega a cobrir 24 cidades, 04 delegados plantonistas, um delegado municipal e um delegado regional, este último, ocupado atualmente por minha pessoa. Em 2019, foram elaborados na delegacia local 1.418 procedimentos policiais (TCO, AI, IP) e 8.386 Boletins de Ocorrência.

A Praça – Quais as maiores dificuldades que a Polícia Civil tem hoje no trabalho de combate ao crime? Falta cooperação por parte da população?

Marcos Sandro – As dificuldades são uma constante no combate à criminalidade, seja por medo da população em colaborar com as investigações, seja pelas mutações no modo de agir da criminalidade, porém com resultados positivos e trabalho incansável a Polícia Civil local tem quebrado essas barreiras, e mostrando que a sociedade, junto e organizada com os órgãos de segurança pública, são elos fortes perante as principais fontes da criminalidade. Aproveito o ensejo para deixar os números para as denúncias da população (88)3581-0307 e WhatsApp  (88) 9.81619174.

A Praça- Os crimes de tráfico de drogas, armas e os casos de estelionato têm recebido atenção especial da polícia no sentido de combatê-los e até evitá-los?

Marcos Sandro – Os crimes de tráfico de drogas e o uso de armas de fogo sempre têm uma atenção maior dos órgãos de segurança pública, pois suas ações trazem uma sensação maior de insegurança para as famílias, e as ações no combate a esses delitos são diários por parte da Polícia Militar, de forma repressiva, e por parte da Polícia Civil, de forma investigativa. Em Iguatu, os crimes de estelionato nos últimos anos têm se mostrado mais presentes do que em outras cidades do Ceará, o que nos levou a direcionar ações mais efetivas ao seu combate. Fruto desse nosso trabalho investigativo, em 2019, ocorreu o indiciamento de mais de 80 pessoas por crimes de estelionato e receptação, em fatos de captações de quantias em dinheiros em contas de agências bancárias locais, provenientes de golpes pela internet ou ligação de celular.

A Praça – A Delegacia Regional ainda enfrenta os ‘velhos gargalos’ de lotação de presos, ou este é um problema superado?

Marcos Sandro – A lotação de presos na delegacia regional de Iguatu sempre foi um “calo” nas investigações da Polícia Civil local, quando em 2016/2017 a delegacia chegou a apresentar o recolhimento de quase 40 detentos nas celas da sede local. Essa triste realidade passou a mudar com a implementação pelo Governo do Estado de uma nova gestão da Secretaria de Administração Penitenciária. Atualmente, após as lavraturas das prisões em flagrante na regional, os presos não libertos por fianças ou ordem judicial são levados para o Centro de Triagem na cidade de Cedro, o que possibilita um maior tempo livre para as investigações diárias.

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