Há 19 anos ‘vigia’ do rio Jaguaribe monitora nível de escala

20/04/2019

Sempre em dois horários, às 7h e ainda às 17h, é essa a rotina de Sieudo Araújo, 42, o observador hidrológico. Observar o nível do rio Jaguaribe e informar aos órgãos competentes seu atual nível de escala é o trabalho diário, faça chuva ou faça sol, com manancial seco ou com água. O morador da Rua Alfredo Leopoldo de numeral 08 tem seu trabalho mais animado nesse período de quadra invernosa com a chegada das águas de outras bacias que acabam alimentando o rio.

Há 19 anos, nos dois horários, ele desce a rua de sua casa e vai à busca da informação junto às escalas métricas. O popular nível na base que segura a ponte metálica não é referência para os órgãos monitoradores. Hoje no nível 11, os dados que valem são os das réguas de madeira que vão do centro embaixo da ponte Demócrito Rocha até as margens do rio. “Hoje o rio está com 3 metros e 20 centímetros de profundidade, duas réguas estão submersas”, explicou Sieudo.

As informações vão para as representações da Agencia Nacional das Águas (ANA) em Brasília-DF e ainda à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) em Fortaleza. “Independente se ele estiver seco ou com água, tenho que repassar esses dados. Ele seco, informo ‘RC’, que significa ‘Rio Cortado’ com nível abaixo da régua”, disse.

Essas informações servem para planejar o uso da água e prevenir eventos críticos, como secas e inundações. Além de, em colaboração com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), definir as regras de operação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, para garantir que todos os setores que dividem o reservatório tenham acesso à água.

Marca incrível

Os maiores volumes, que o rio Jaguaribe obteve, ocorreram em 1974, 1984 e 1985. Há quase duas décadas monitorando o Jaguaribe, que vem do termo tupi îagûarype e significa “no rio das onças”, Sieudo acompanha dos anos 2000 em diante, mas se surpreendeu no ano de 2004. “Aquele ano chegou a 7 metros e 60 centímetros, foi uma marca incrível!”, lembrou.

Os braços do rio Jaguaribe chegam a desaparecer em épocas de seca, o que lhe rende o título de “maior rio seco do mundo”, mas capaz de retornar muito rápido em volume e extensão na estação chuvosa. Cenário que o observador não descarta acontecer. “Quando Deus quer, é possível. Se o Orós que recebe as águas do Jaguaribe encher, é capaz de reter água aqui e assim termos um volume bonito novamente”, disse.  

Saiba mais

O CPRM é uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que tem as atribuições de Serviço Geológico do Brasil. Gerar e disseminar conhecimento geocientífico é a missão do órgão para melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável do Brasil.

A Agência Nacional de Águas (ANA) regula o acesso e o uso dos recursos hídricos de domínio da União, que são os que fazem fronteiras com outros países ou passam por mais de um estado, como, por exemplo, o rio São Francisco. A ANA também é responsável pelo monitoramento e acompanhamento da situação dos recursos hídricos do Brasil. Coordena a Rede Hidrometeorológica Nacional que capta, com o apoio dos estados e outros parceiros, informações como nível, vazão e sedimentos dos rios ou quantidade de chuvas.

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