Natan Gomes, 17 anos
Estudante, escritor amador, vivendo em Recife-PE
Nunca encarei a figura de Deus de uma maneira certa, definida, constante. Ocorreram em mim diversos pensamentos a respeito disso, nem sempre positivos. Durante muito tempo, o encarei como um fator que fazia o mundo pior, indo de encontro com sua função inicial: a de fazer as pessoas melhores e, consequentemente, o mundo.
Depois de um tempo, principalmente durante as aulas de primeira comunhão, notei que as pessoas que encontraram em Deus algum tipo de amparo, estavam, na realidade, completamente desesperadas. Veja bem, você derrama suas dores, esperanças e aflições numa figura que, em base, existe apenas no interior de quem acredita, isso é desespero na forma mais pura e intocada.
Hoje, tenho em
mim uma necessidade abissal de entender melhor a mim mesmo e ao mundo, e nessa
necessidade entendi a inevitabilidade do crer. Por exemplo, você nasce, cresce,
estuda, trabalha, fica mais rico ou mais pobre, envelhece e morre (alguns pulam
uma etapa ou duas, mas nesse texto isso não vem ao caso), o ponto é que: nada
disso faz sentido, pois não importa o caminho que você faça, o destino é sempre
o mesmo.
O conforto encontrado pelas pessoas que viram na religião um sentido é efêmero.
Para mim, o desafio não é encontrar um sentido (pois não há), o desafio é
aprender a suportar sua própria solidão e adaptar-se a sua própria companhia
(que é a última e a mesma desde o primeiro dia) e, nessa caminhada, talvez surja
um deus que possa facilitar a busca e ajudar os mais desesperados.
Segundo Nietzsche, “Deus está morto”, porém, de acordo com Spinoza, Deus diz para sairmos dos templos e irmos aproveitar os bosques, as montanhas, as praias e tudo que Ele fez. Acredito mais no segundo pensamento, e enquanto escrevia esse parágrafo (e irei contradizer o que disse acima), me dei conta do sentido da vida, que é justamente viver, pois já que todos os destinos são iguais, temos que aproveitar os caminhos, que são diferentes e muitos.
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