Enquanto a cidade inteira dorme, uma gama de trabalhadores está de plantão para garantir o funcionamento dos serviços essenciais. Numa cidade onde essas demandas não podem parar, profissionais se desdobram nas unidades de atendimento 24 horas, postos de combustíveis, padarias, cerâmicas, delegacia, UPA, hospital, Corpo de Bombeiros, Terminal Rodoviário e na rua.
O leitor que está folheando esta página agora, se estiver no café da manhã, pode imaginar que o pãozinho da primeira refeição do dia passou pelas mãos dos padeiros. Mas os panificadores não estão sozinhos. Policiais, bombeiros, frentistas, operários das cerâmicas, profissionais da saúde, moto-taxistas, taxistas e vigilantes, também trabalharam no plantão de ontem para hoje. Eles são os profissionais que trabalham enquanto você dorme.
Segurança
Na Delegacia Regional de Polícia Civil, a reportagem encontrou o plantão do delegado Wesley Alves Araújo, 28. Lá os agentes civis ficam 24h de plantão. São dois inspetores e dois escrivães trabalhando para registrar as ocorrências, não só de Iguatu, mas de outras 20 cidades da região. Wesley explicou que geralmente os plantões se iniciam às 20h e só acabam no dia seguinte. A movimentação na DP depende da intensidade do plantão, frisou o delegado.
O Corpo de Bombeiros é uma corporação militar que também não dorme. A reportagem visitou o local e lá estavam acordados o tenente-coronel Nijair Araújo e o 1º sargento Cleudivan. Era o plantão deles. Nos bombeiros, é assim: todas as ocorrências do plantão são registradas em livro. Os tipos de ocorrência são os mais diferentes, vão desde resgate de vítimas de acidentes de trânsito, quedas, afogamento, resgate de animais, até a especialidade da casa, os incêndios.
Do Corpo de Bombeiros para a Av. Perimetral, a reportagem registrou o trabalho dos frentistas Diêgo Lopes da Silva, 30, e Ruan Teixeira de Oliveira, 20. Na madrugada eles atendem motoqueiros, caminhoneiros e automóveis de viajantes. O frentista Diêgo disse que já se acostumou a conviver com a madrugada da cidade. “Para mim, acho bom, porque trabalho à noite, durante o dia durmo e às vezes ainda consigo resolver algumas coisas de casa”. Cerca de cinco postos de combustíveis operam no plantão do corujão em Iguatu. Nesse período de quarentena, os postos funcionam até as 19h.
Vigilância
Enquanto a maioria da população dorme, um grupo de homens vigia. No centro e bairros da periferia, os vigilantes estão a postos. No começo da Rua Deocleciano Bezerra, Raimundo Ferreira de Souza, 68, guarda um quarteirão de lojas. Está no ramo desde 2004. Perto dali, outros homens se revezam para cobrir outra área do centro. Para eles, os vigilantes, os desafios são enormes. Trabalham expostos à chuva, frio e à solidão da noite.
Cícero Fabelício da Silva, 32, vigilante há 09 anos, conhece bem esse ambiente. Ao lado dele, outro veterano, José Soares da Silva, 58, uma década dedicada à segurança das lojas nas madrugadas da cidade. O vigilante Domingos Carneiro da Silva, 45, há 18 anos trabalha como guarda-noturno no centro de Iguatu. Conhece o quadrilátero do comércio com a palma da mão. José Alves da Silva, 60, também é outro veterano da vigilância. Nas noites solitárias, as únicas companhias deles são o rádio, o café forte, os cães e gatos de rua, companheiros das noitadas. Mas o vigilante veterano de todos é Manoel Gomes da Silva, 69. Enquanto aguarda a aposentadoria que não sai, ele se desdobra em longas jornadas noturnas para sobreviver. Está no ofício desde 2002. No centro de Iguatu, seu Manoel ajuda a vigiar mais de 25 estabelecimentos.
Saúde
Provavelmente é o setor da saúde que concentra a maior fatia de trabalhadores no plantão noturno. No HRI – Hospital Regional de Iguatu, maior hospital público, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, motoristas, nutricionistas, maqueiros, recepcionistas formam a equipe.
Francisco Wilton de Oliveira, 45, trabalha como vigilante. Está sob os olhos dele o funcionamento da ordem e da organização do plantão. Walner Lucas, 49, é maqueiro. Dedicou grande parte de sua vida profissional aos plantões do HRI. “Estou acostumado”.
Além do HRI, do outro lado da cidade, na UPA-Unidade de Pronto Atendimento, e no Hospital São Camilo (este pertencente à rede privada) outras equipes de profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, recepcionistas e vigilantes) também estão no plantão 24 horas para atender. Samarone Dias de Amorim, 39, ‘enfermeiro Sam’, e Moziane Araújo, 35, são enfermeiros profissionais e se revezam nos plantões de 24 horas na UPA, para prestar assistência aos pacientes que chegam a toda hora do dia, noite e madrugada.
Padaria
Não muito distante dali, no centro da cidade, os fornos das padarias estão aquecidos em alta temperatura para receber os pães. Os mestres padeiros começam a preparar a massa para confeccionar os pães ‘carioquinha’, ‘francês’, ‘bengala’, ‘sovado’, ‘doce’, ‘carteira’, por volta das 22h. Lá por volta das 04h, em plena madrugada, as primeiras fornadas começam a entrar. José de Souza, ‘Dedé’, 47, há 15 anos está no ofício de padeiro, na mesma padaria. Outro padeiro, Celso de Oliveira Leite, é profissional do ramo desde 1995. Um veterano na produção do pãozinho que o consumidor aprecia no café da manhã. Entre máquinas, lenha, massa, mistura, recheio e um forno quente, ele ganha o sustento da família em plantões noturnos. “Eu não saberia fazer outra coisa. Essa foi a profissão que escolhi, sempre trabalhei à noite, já me acostumei e até gosto do que faço”, comentou.
Farmácia
Em Iguatu, não há serviço de farmácia 24 horas. Todas elas fecham às 22h.
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