A programação com a participação do público em espaços públicos teve que ser cancelada. “Estamos com os trabalhos parados. Tínhamos ainda outros encontros, antes de saírmos para as ruas, com as roupas prontas e o espetáculo montado”, afirmou Carlê Rodrigues, atriz e integrante do Grupo Parafolclórico Caretas do Alto da Bonita.
A “quarentena” aconteceu bem na época em que o grupo estava para realizar os encontros finais para se apresentar nesse período da Semana Santa. Porém, por conta da pandemia do novo coronavírus, não foi possível mais os encontros e reuniões para concluir essa etapa. “Após esse período de isolamento social, vamos concluir os trabalhos, vamos montar uma programação com workshops, oficinas, ir às escolas também. É isso! A gente continua movimentando o grupo. Montamos essa programação on-line para falar dos processos que já tínhamos desenvolvido”, pontuou Carlê.
Nesse momento de pausa forçada, os artistas estão aproveitando o tempo para dar continuidade à fase de pesquisa. Eles não estão se reunindo, fazendo as roupas, passando as músicas, criando as falas. Mas o que faziam antes, internamente, passou a ser compartilhado com mais pessoas, através das redes sociais. “Estamos compartilhando com as pessoas o que fizemos até o momento. Esse período está sendo válido por isso, por enquanto que estamos impedidos de sair, ir para rua. Estamos usando as redes sociais com programações alternativas, com oficinas, conversa direto com as pessoas através das lives. Tem muitos pesquisadores de outros estados do Brasil, professores, artistas, músicos que passaram a nos conhecer e passaram a ser fonte de pesquisa pra eles. Isso é muito bom. Praticamente todos os dias temos alguém do grupo fazendo live nas nossas redes sociais”, acrescentou Michel Prudêncio, músico, ator e produtor cultural, integrante do grupo.
Caretas do Alto da Bonita
O grupo faz um trabalho de projeção parafolclórico que estuda e prática a tradição dos caretas da Semana Santa. Em Iguatu, o grupo, formado por vários artistas de Iguatu, Icó e Orós, surgiu ano passado. A ideia dos amigos em fazer manter essa tradição cultural popular, que acontece com menos frequência em cidades do interior cearense.
Diferente dos grupos tradicionais de caretas, muito originários da zona rural ou de bairros da periferia, “invadem” a cidade, fazendo barulho, costumam andar em bando e pedem esmolas, a doação muitas vezes vêm em forma de dinheiro ou alimentos. O ponto alto da brincadeira é a tradicional malhação de Judas, no Sábado de Aleluia. “A ideia é manter essa tradição, mas de forma bem mais cultural como apresentações artísticas e musicais. Iniciamos as atividades em 2019, saímos em cortejo pelas ruas de Iguatu. Desse trabalho foi montada uma exposição de artes visuais com fotografias, vestimentas, máscaras e instrumentos musicais com fotografias de autoria de Alexia Duarte, as máscaras desenvolvidas por Patrícia Gomes, Mulé Colagista, como também vestimentas e adereços utilizados pelo grupo, além de um filme – Os Caretas do Alto Bonita, esse nome é homenagem ao bairro Santo Antônio, antigo nome da comunidade”, comentou Prudêncio.
Para dar sustentabilidade as suas ações e sua manutenção, o grupo necessita de doações, em dinheiro, serviços ou bens para que possa viabilizar aquisição de material de produção e demais custos da circulação do espetáculo, principalmente agora por conta da pandemia do conoravírus. As pessoas, empresas, entidades interessadas em firmar parceria com o grupo podem entrar em contato, pelo WhatsApp 88.9 99225119. As lives acontecem no perfil do grupo na rede social Instagram @caretas_do_alto_da_bonita, basta só seguir para assistir e interagir.
0 comentários