Um cantinho sossegado em casa substitui, por enquanto, a sala de aula. No lugar da lousa, uma tela de celular ou de computador. Em tempos de quarentena devido à pandemia do novo coronavírus, a tecnologia se mostra uma grande aliada, principalmente da Educação. Enquanto as escolas continuam vazias, as salas de aulas virtuais estão cheias e os sites de instituições de ensino lotados de conteúdo. Alunos de universidades, escolas e cursos de idiomas vão continuar recebendo aprendizagem, mesmo durante o período de isolamento que se fez necessário para o combate à Covid-19. Só que, agora, isso será feito por meio de plataformas digitais.
Rede Estadual
Para auxiliar professores e alunos neste momento de suspensão das atividades educacionais presenciais, a Secretaria da Educação (Seduc) firmou parceria com o Google para a disponibilização do GSuite, plataforma que oferece uma série de ferramentas como Google Sala de Aula, Drive, Gmail, Hangout e Agenda. Por meio dos acessórios, professores disponibilizam atividades pedagógicas de suas disciplinas e interagem com os estudantes, com o objetivo de dar suporte aos estudos realizados em casa de forma segura.
A CREDE-16 abrange sete municípios: Acopiara, Cariús, Catarina, Iguatu, Jucás, Orós e Quixelô. São 18 escolas em seu total. “As escolas estão se reinventando para continuar estabelecendo esse elo com o aluno e família. As alternativas são as atividades remotas. Fazer com que todos compreendem que estamos em casa, mas não de férias. E quando houver o retorno das aulas, seja a menos conflituosa possível. Estamos acompanhando cada unidade e incentivando o uso das fermentas, mesmo àquelas em que são mais próximas da área rural”, disse a coordenadora da CREDE-16, Mônica Silva.
Lara Bezerra, 17, é estudante da 3ª série no Liceu Dr. José Gondim, em Iguatu. A jovem relata ter tido facilidade em aprender a manusear as ferramentas. “Estou achando a experiência bastante útil e prática, porque mesmo longe estamos tendo o auxílio e o acompanhamento da escola durante esse período. No meu caso, em especial, do professor diretor de turma, que sempre pergunta se estamos recebendo e fazendo as atividades postadas na plataforma. Além disso, ele está fazendo três aulas semanais de 1 hora de duração. A escola também está sempre nos informando sobre o que ocorre, através das redes sociais”, explicou.
Ensino Superior
O Ensino Superior também não pode parar. A FASC – Faculdade São Francisco do Ceará, que oferece os cursos de Administração, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Filosofia, Farmácia, Fisioterapia e Nutrição, em Iguatu, segue a mesma linha e adotou aulas remotas como forma de continuar com as ementas de cada curso. Denise Aline, 41, bióloga, com doutorado em produtos naturais e sintéticos bioativos pela UFPB, é professora dos cursos de Farmácia, Fisioterapia e Nutrição da FASC. Ela já fazia o uso das ferramentas digitais. “É um universo que permite troca de materiais entre professores e alunos. Essas aulas acontecem seguindo o calendário acadêmico disponibilizado pela faculdade nos horários das aulas presenciais e seguem as determinações do Ministério da Educação. Existem várias possibilidades, mas a maioria dos professores, como eu, optou pelo uso da “Zoom meetings” que permite reunir mais de 200 pessoas em vídeo conferência. É possível expor o material didático através de compartilhamento de tela e, ainda, oferece a possibilidade de gravar as reuniões que podem ser disponibilizadas para os alunos e estes visualizarem sempre que desejarem. Particularmente, a experiência tem sido inovadora, desafiadora e muito positiva. Abre um leque de possibilidades antes desconhecidas”, declarou.
Evolução tecnológica
Orientações de monografias e trabalhos de conclusão de curso também podem ser feitas sem problemas por vídeos e salas de bate-papos. A limitação fica em relação a estágios e atividades práticas. “Eu aprovo o método. O conteúdo chega em múltiplas formas ao aluno. Como ponto negativo, acredito que, infelizmente, não chegamos 100% ao aluno. Quando partimos para o virtual, as dúvidas são dirimidas num segundo momento aos alunos que muitas vezes só assistem à aula depois. A sala de aula ainda é a melhor ideia. Mas acredito que vamos sair enquanto docentes e alunos transformados. São métodos digitais que vão passar a ser ativos em nossas vidas”, disse Jefferson Aleff, 27, professor curso de Arquitetura e Urbanismo da FASC.
Por meio de um link on-line, estudantes e professores conversam ao mesmo tempo e tiram as dúvidas, enquanto acompanham as apostilas. Edivar Mendonça, 22, que cursa o sétimo semestre de Administração na FASC, é um deles. “O próprio curso nos ensina ser gestores aplicados em mais diversas áreas. Acredito que as demais instituições vão aderir a esse formato de passar o conteúdo. O mundo contemporâneo nos exige passar por esse processo de evolução tecnológica”, disse.
Nívea Gomes, 39, cursa o segundo semestre de Farmácia na FASC e avalia o método de forma positiva, apesar de sentir falta do contato presencial. “Fazer educação a distância não é fácil, e depende do interesse de quem está fazendo. É uma via de mão dupla. A vantagem é que estou conhecendo outros métodos de ensino aliados à tecnologia. Mas é importante o olho no olho com o professor. No contexto geral as aulas têm se tornado atrativas e prazerosas.
Portaria do MEC
O professor José Roberto Duarte, diretor acadêmico da FASC, disse que a instituição segue a Portaria nº 343, de 17 de março de 2010, alterada pela Portaria nº 345, de 19 de março de 2020, do Ministério da Educação, que suspende as aulas presenciais e autoriza aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação, sem que se deixe de cumprir os dias e horários letivos do semestre letivo em curso. “Este cenário exige de todos nós o máximo de cuidados com a saúde. É momento de desafios, perseverança, mas também de muito aprendizado. Temos certeza de que sairemos dessa pandemia muito mais fortes, capacitados e resilientes. Vamos continuar seguindo todas as recomendações e orientações das nossas autoridades. O próprio MEC publicou, no último dia 15, a Portaria nº 395 prorrogando por mais 30 dias a Portaria nº 343”, finalizou.
Rede Particular e Municipal
A rede privada de ensino de Iguatu atendeu a recomendação do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (SINEP-CE) e optou por antecipar as férias no mês de abril. Já as instituições de ensino fundamental do município optaram por seguir o decreto do Estado com a suspensão no mês de abril. A pasta da Educação municipal analisa o método para recuperação das atividades com aulas nos finais de semana, atividades extraclasse e outras estratégias.
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