Paulo Ferreira Maciel
Me desculpem pelo desabafo, mas não há como contê-lo.
A tendência exponencial de casos de COVID-19 e o número de mortes é algo assustador a quem tem o mínimo de senso de realidade, mas estava dentro das previsões de instituições de pesquisa, da OMS e corroboradas pelo ex-ministro Mandetta.
Certamente esses números seriam superiores, se parte significativa do nosso povo não tivesse atendido às orientações mais lúcidas para isolar-se. Mas é perverso ouvir-se de um presidente da República, ao invés de palavras de conforto aos familiares dos brasileiros que morrem, ao invés de um alento e esperança aos que sobrevivem, palavras essas amparadas em ações práticas – aquelas anunciadas como necessárias de acontecer paralelamente ao isolamento, ao invés de ouvir-se um solene chamado ao enfrentamento, termos que ouvir o escarnecer com tamanha crueldade anunciado na frase.
“E daí? Quer que eu faça o quê? … Sou Messias, mas não faço milagre”.
Isso foi hoje dito, após um mês e meio de intenso apelo ao povo por parte de autoridades e lideranças das mais variadas esferas para que se ficasse em casa, enquanto o presidente diariamente buscava desqualificar esses apelos e orientações, minimizava a pandemia – “é só uma gripezinha… um resfriadinho…” e exortava o povo para que fosse às ruas. Isso extrapola toda a paciência humana, é indignante e nos faz pensar que a frase “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos é de um cinismo aloprado”.
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