Os empreendedores que trocaram o emprego pelo próprio negócio

06/06/2020

O desemprego provocado pela crise da Covid-19 atinge milhares e milhares de cidadãos, no Brasil e no Mundo. Perder um emprego formal, com carteira assinada, com direito a salário, encargos sociais, férias, Fundo de Garantia, recolhimento de taxa para aposentadoria, realmente é um dissabor sem precedentes. Só sabe o que é a angústia de ver o posto de trabalho bater asas quem já passou pela mesma situação.

Nesta edição o leitor vai conhecer histórias de cearenses, iguatuenses, que não se deixaram abater pela crise e estão conseguindo alavancar seus negócios, apesar da pandemia. Afinal, já diz a nossa vã filosofia de vida, “que é exatamente numa crise como esta que estamos vivendo, que as pessoas costumam enxergar as oportunidades”. Debruçar-se sobre os desafios, buscar alternativas, repensar metas, refazer caminhos é a tônica desses bravos trabalhadores que não se deixaram intimidar pelo medo de perder e estão vencendo, fazendo seus negócios despontarem na preferência do público consumidor. Os três negócios em que a reportagem focou são empreendimentos que lidam com alimentos prontos: ‘Feijoada do Neto’, bairro Veneza, ‘Buba Lanches’, na Rua 15 de novembro, e ‘Doce Mistura’, doces, bolos, pudins, no bairro Lagoa Park.

Neste cenário, a reportagem de hoje, da série lançada pelo A Praça que foca nos pequenos negócios, conta histórias de pessoas, cidadãos comuns, homens e mulheres que estão se sobressaindo na pandemia, se reinventando, criando, crescendo e dando a volta por cima, num patamar onde ninguém apostaria: investir pequenos recursos num pequeno negócio, cuja única palavra que lhes move é ‘acreditar’. Na reportagem vamos caminhar em três frentes: nos bolos, doces e confeitos da ex-empregada doméstica Welida Regina, 33, no empreendimento criado pelo investidor Wobbyson Valadares, 30, que montou uma hamburgueria na garagem de casa, na Rua 15 de novembro, e na ideia brilhante do Pedro Alves Neto, 57, ex-gerente de mineradora e cerâmica, que estando desempregado foi buscar uma receita de feijoada que ele aprendeu na década de 80, quando trabalhou em São Paulo.

Welida Regina de Souza Barbosa, 33, criou o empreendimento Doce Mistura, quando perdeu o emprego de empregada doméstica

Adoçar a vida das pessoas

Welida Regina de Souza Barbosa, uma corajosa mulher, de fato não estava tão feliz no seu último emprego de doméstica. Então, quando a crise da pandemia abateu sobre seu trabalho formal, não houve salvação: Welida era mais uma entre tantas brasileiras que estavam desempregadas. Desempregada, porém, cheia de ideias.

Ela pensou: “Já fazia alguns bolos por encomenda, mas não tinha uma marca própria, nem um canal para divulgar. Foi então que seus irmãos se juntaram e tiveram a ideia de criar o ‘Doce Mistura’, com o intuito de divulgar o trabalho dela. E não é que deu certo. A Doce Mistura virou a marca dos produtos que ela faz, na cozinha de casa mesmo, no bairro Lagoa Park. São sobremesas, bolos decorados, pudins e o lançamento mais recente, o pão caseiro recheado. De tudo que é produzido, o que não é encomenda é vendido usando as redes sociais. Qual a receita do pão? Simples: farinha de trigo, óleo, sal, açúcar, fermento e leite. No recheio, vem mistura de queijo, frango cremoso, frango com queijo, frango com misto.

Agradar o paladar da cliente requer um pouco de sacrifício. São horas na cozinha misturando sabores, massas, chocolates, cremes, doces, caramelo, receitas, contando apenas com a assistência de sua tia Maria, fiel escudeira e colaboradora. Mas segundo Welida, tudo é muito prazeroso, quando a clientela aprova os pratos feitos por ela. Os produtos caseiros feitos pela ex-empregada doméstica conquistam a preferência do público a cada dia. “Hoje, consigo fazer algo que me dá muita alegria e prazer, que é adoçar um pouco a vida das pessoas, muitas delas, pessoas que eu nem conheço”, disse. A sensação de ver o negócio dando certo é tão boa que ela diz só ter palavras para agradecer: “Graças a Deus, tem dado muito certo. Sempre procuro inovar para os meus clientes e adoçar um pouquinho a vida deles nesta quarentena”.

Na garagem

Junto a esta publicação jornalística vão alguns lançamentos de pratos da culinária popular do segmento de ‘fast-food’ da empresa Buba Lanches, que funciona na garagem de uma casa na Rua 15 de novembro. São massas assadas no forno com molhos prontos, cremes, queijos, hambúrgueres caseiros e saladas. ‘Mega Crispy’, (pão brioches, 1 blend bovino 150g, molho creme cheddar, 2 Crispy Chesse bacon rolos, molho stunt, tomate, alface e cebola caramelizada), ‘Blend’s Burgueres’, (pão brioches, 1 blend bovino 150g, 1 blend recheado de frango empanado, fatias de bacon, molho creme cheddar, molho stunt, tomate, alface e cebola caramelizada), ‘Panqueca de frango com molho branco e arroz’, ‘Panqueca de frango molho vermelho’. Esses lançamentos, o mestre em sanduíches Wobbyson Valadares colocou no cardápio nesta sexta-feira, 05, e o leitor está apreciando em primeiríssima mão na reportagem sobre os empreendedores que não têm medo da pandemia.

Buba Lanches nasceu de uma incubadora, após Wobbyson participar de um curso profissionalizante, no Senac. Ele buscava qualificação, num curso de ‘Assistente Administrativo’ e encontrou a ideia do empreendimento que é hoje sua empresa, sua casa, sua vida. Gera 06 empregos e está se reinventando para sobreviver à crise pandêmica. Wobbyson ainda lembra. O ano era 2016, ele fazia o curso no Senac e ao final do treinamento, tinha na mão o projeto, que foi apresentado no final do curso. A ideia era tão forte e atrativa que nunca ficou esquecida na gaveta.

No ano seguinte em outubro de 2017, Wobbyson deu início ao projeto, que há anos ele idealizava. Finalmente estava pronta sua ‘hamburgueria’. “O início foi um pouco complicado sem muita condição, mas depois tudo foi se ajeitando”, afirmou. Segundo Wobbyson, era ali mesmo na calçada de casa, tudo muito simples. “Tinha uma bancada que eu mesmo fiz de cano PVC, e uma chapa pequena emprestada, trabalhava todos os dias colocando na calçada da casa”, disse. Com o tempo começaram a surgir os primeiros clientes.

Um ano mais tarde, em 2018, enxergando o potencial do pequeno negócio, ele solicitou aos seus pais um pequeno espaço na garagem, para início da construção da hamburgueria, cuja inauguração foi no dia 26 de agosto aquele ano.

A marca Buba estava funcionando com todo sucesso, quando a crise chegou. Imediatamente o empresário viu a clientela sumir. O isolamento social colocou as pessoas em casa, então era preciso ir até elas. Foi o que Wobbyson pensou. Organizou e treinou a equipe, para fazer o caminho inverso, indo até a clientela. O espaço da calçada, geralmente ocupado por mesas para as pessoas serem servidas, ficou vazio, mas os pratos começaram a chegar aos endereços dos clientes. “Foi o equilíbrio do negócio, assim a gente está conseguindo ir em frente”, contou.

Feijão maravilha

Há pouco mais de um ano, o ex-gerente de mineradora, Pedro Alves Neto, 56, teve a ideia de fazer feijoada em casa para vender. Nascia a ‘Feijoada do Neto’, na Rua Laureano de Souza Bernardes, no bairro Veneza. Neto, dono da ideia, confessou que era seu desejo montar um pequeno negócio e a decisão chegou quando ele se viu desempregado e precisando de dinheiro. A estrutura foi montada na cozinha de casa. Simone, a esposa, e Bruno, filho, são os assistentes do negócio que está dando certo. O prato típico só é feito nos finais de semana, mas já é sucesso de público e paladar.

O dono do empreendimento aproveitou seu aprendizado de quando trabalhou num restaurante em São Paulo, ainda nos anos 80. “Eu trouxe a receita de uma feijoada maravilhosa que o restaurante servia, então aprendi a receita e estamos fazendo aqui”, disse Neto.

Segundo ele, o prato é único, não tem igual, por isso leva seu nome ‘Feijoada do Neto’. E qual o segredo? “É tipo receita de bolo, não tem receita pronta, cada um faz sua mistura como achar melhor. Mas ele garante que é preciso colocar aquela dose de amor e carinho, afinal é um prato que vai parar na mesa das famílias.

Para confeccionar a feijoada, Neto garante que precisa começar cedo. E tudo começa na escolha dos ingredientes, as carnes, com e sem sal, o feijão preto e os temperos. Para fazer feijoada, o cozinheiro, ou cozinheira, precisa entender de transferência de sabor. “Às vezes, você precisa saber de onde, para onde você vai transferir o sabor do feijão para as carnes ou vice-versa, mas o importante é a combinação de ingredientes para que o prato tenha sabor e consistência”, contou.

E a crise da pandemia não afetou o negócio? Neto respondeu que não, pelo contrário, as pessoas confinadas em casa estão tendo oportunidade de escolher o que querem comer e a ‘Feijoada do Neto’ acabou sendo descoberta por muitos apreciadores do prato, que ainda não sabiam de sua existência. Neto afirmou também que as redes sociais são grandes e importantes aliadas no seu empreendimento. São as redes sociais que ele usa para divulgar o produto, principalmente a página de relacionamentos no Facebook.

Serviço

Doce Mistura
Instagram: @doce.misturaa
WhatsApp: (88) 9.9358-3968

Buba Lanches

Instagram: @buba_lanches
WhatsApp: (88) 9.9933-8888
Facebook: Buba lanches

Feijoada do Neto

Instagram: @feijoadadoneto
WhatsApp: (88) 9.9744-2016
Facebook: Feijoada do Neto

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