Paulo Cesar Barreto (Arquiteto e Urbanista)
Nestes últimos dias estamos verificando nas redes sociais um grande número de postagens com insatisfações e justificativas sobre modificações no sentido do trânsito em ruas de Iguatu.
E no meio destas discussões está a Rua 13 de maio que em épocas atrás foi a mais importante via arterial da cidade dando sequência à Rodovia CE-060 que passava pelas Ruas Deoclécio Lima Verde (Bairro Areias 1), José de Alencar, 13 de maio (Centro), 21 de abril – hoje Rua Engº Wilton Correia Lima (Bairro Prado) até a Rua Cruzeiro do Sul – hoje Av. Joaquim Aílton Alexandre (Alto do Jucá) e daí até a ponte rodoviária sobre Rio Jaguaribe para quem tinha destino do Icó ou para o Cariri.
Esta vocação da Rua 13 de maio foi “transferida” em fins dos anos 1970 para a Av. Perimetral – hoje Av. Carlos Roberto Costa, lá para as longínquas terras dos Bairros Veneza, Vila Centenária e Cocobó. Em sua implantação optou-se por dividir a lagoa da Bastiana praticamente em 2 partes iguais o que levou para as bordas da lagoa adensamento e pressão imobiliários o que hoje gera inúmeros conflitos notadamente em sua seção leste. E registre-se que o super rigoroso Código Florestal de 1965 em vigor naquele período não foi em nada considerado.
O fato é que há 15 anos Iguatu passa por um significativo processo de expansão e crescimento urbanos com seus mais de 380 hectares de áreas loteadas, 12 mil lotes – boa parte já ocupados/construídos, aí não incluídos os loteamentos irregulares, e seus quase 100km de novas vias que partem de todos os lados para se conectar a uma estrutura viária do núcleo histórico e central da cidade com suas ruas estreitas e tortas. Aí se concentram as principais atividades e serviços de comércio, educação, saúde, financeiros, etc. Todo o sistema viário de Iguatu sofre um acelerado processo de fadiga onde apesar das boas intenções das intervenções fica claro que já cabem planos e estudos mais profundos e precisos realizados por especialistas com o envolvimento de Conselhos afins da sociedade civil organizada e que a população iguatuense seja informada o tempo todo e que se crie um canal aberto para sua participação e contribuição.
Aqui cabe uma reflexão sobre os trabalhos de reforma que ora se desenvolvem na Av. Carlos Roberto Costa (Av. Perimetral – hoje uma via totalmente intraurbana) e da Av. Joaquim Aílton Alexandre (Rua Cruzeiro do Sul – hoje também uma via totalmente intraurbana) que a tornará mais moderna, confortável, ágil e tentará resolver de uma vez por todas os problemas de drenagem que a aflige desde sua origem. Porém não leva em questão a principal função arterial de uma rodovia CE que é dá trânsito a veículos extensos e pesados, dentre outros, causando congestionamentos e insegurança. Será que não chegou o momento tal qual aconteceu com a Rua 13 de maio há 50 anos, “transferir” para outra região da cidade a construção de uma nova Av. Perimetral com uma segunda ponte rodoviária que tanto se faz necessário nestes dias atuais.
A mobilidade e a acessibilidade urbana precária e irracional atormentam todas as cidades. E as principais e mais impactantes decisões dos gestores públicos privilegiam sempre o carro em detrimento a outras alternativas de deslocamentos e do pedestre.
Iguatu com uma população de 103.633 pessoas/pedestres, tem uma frota de veículos de 55.681 onde se destacam 13.393 automóveis, 28.504 motocicletas, 1.257 caminhões, 3.322 caminhonetes, 6.340 motonetas, 197 ônibus, etc.
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