A importância da prevenção e dos cuidados pés diabéticos

06/07/2024

 

“No Brasil e no mundo os níveis de amputações são altíssimos. As principais causas são os fatores de riscos: fumo, etilismo e também má alimentação e falta de exercício físico. Muitas vezes o uso de medicamentos não acompanhados por equipe médica é muito grave”, a declaração é da enfermeira Selma Bezerra, estomaterapeuta e dermatológica.

De acordo com dados do IBGE, o Brasil já tem cerca de 20 milhões de pessoas com diabetes. A estimativa foi atualizada com o novo Censo. A Sociedade Brasileira de Diabetes reforça compromisso de lutar para reduzir diferença entre tratamento na rede pública e particular. “Nesse momento a gente se preocupa muito por quê? Os níveis de amputações aqui no Ceará e em nossa cidade estão aumentando muito, muitas vezes porque não tem um calçado adequado, muitas vezes porque não tem higiene, hidratação dos pés, corte de unhas. A gente trabalha o corte de unhas. Os pés têm que ser bem cuidados porque a neuropatia causa uma dormência nos pés, faz com que o diabético não sinta. Se ele pisa num prego, ele, o paciente, não sente. Muitas vezes estão com chinelos de borracha, perfurações e eles nem sabem”, explica a profissional, ressaltando ainda que a atenção com os pés do diabético deve ser redobrada. “Os pés do diabético têm que ser examinados. Se acontecem úlceras pequenas se torna uma porta de abertura, uma bactéria entra na pele do idoso por mais pequena que seja. Como a diabetes é uma doença autoimune, a imunidade vai esta baixa, ela vai entrar, fazer uma infecção que pode levar a amputação ou até a morte. Então o nosso alerta é para o cuidado com os pés”.

 

Atendimento gratuito

Selma trabalha na Policlínica Manuel Carlos de Gouveia onde as pessoas podem buscar atendimento pela rede municipal de saúde. “O PSF encaminha para a Policlínica, que são atenção primária para a secundária. Dentro desse programa acontece um dia D, quando a gente faz uma explanação sob os cuidados que devem ter com os pés, alimentação, hidratação, com exercício físico. Vou listar alguns assuntos abordados durante a consulta de prevenção ao pé diabético. Autoexame dos pés: percepção de toque, circulação, palpação do pulso, observar presença de pulso, deformidades; autoexame dos pés: observar a textura da pele, presença de vermelhidão e lesões, inspeção para detectar presença de micose; cuidados de higiene diários: lavagem, hidratação dos pés e unhas; cuidados de higiene mensais: cuidados com as unhas (inspeção e corte), cuidados com micoses interdigitais, atenção em casos de queimaduras; orientações sobre o uso de calçados: evidenciar a necessidade do uso constante de calçados, dicas de calçados; orientações sobre calçados: cuidados em relação ao uso de meias e palmilhas, higiene de meias e palmilhas; orientações para pacientes que já apresentam feridas nos pés, infecção: observação aos sinais de alarme; cuidados com o outro pé em pacientes que apresentam amputação; exercícios para o pé; a importância dos cuidados nutricionais para a prevenção e cuidado do pé diabético e malefícios do uso incorreto de insulina e o armazenamento correto da insulina”.

Ainda de acordo com Selma, o trabalho conta com parceiros entre esses a Liga Acadêmica LAEST – URCA (Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia). “Eles vêm nos auxiliar nessa prevenção ao pé diabético. Então faço parte também dessa liga. Nesse encontro a gente inspeciona o pé de um por um, passam também por testes de sensibilidade nos pés, depois a gente emite um laudo para que o médico saiba como está a saúde do seu paciente”, pontua, explicando ainda que o atendimento é feito a todos os diabéticos que não tem lesões, por meio da atenção primaria, que quando vê o grau de risco, encaminha para a atenção secundária para ser realizada a consulta de prevenção.

Prevenção

“Outra forma de prevenção é um calçado adaptado, de acordo com as inspeções que a gente realiza, a gente vê se tem necessidade de um calçado adaptado. O calçado adaptado é na verdade uma palmilha adaptada, feito sob medida para o paciente. O pé do diabético já é muito ressecado, na verdade as pessoas não hidratam, fica mais fácil de abrir lesões, nós moramos num lugar muito quente”, explica Selma, orientando ainda que cuidar dos pés é crucial para quem tem diabetes, já que a condição pode prejudicar a circulação e a sensibilidade nos membros inferiores.

“Mantenha uma higiene adequada lavando os pés diariamente com água e sabão neutro, secando-os completamente, especialmente entre os dedos, para evitar infecções fúngicas. Use um hidratante, exceto entre os dedos, para evitar rachaduras. Escolha sapatos confortáveis que não apertem, verificando-os regularmente por possíveis irritações. Faça um autoexame diário em busca de cortes, feridas, bolhas ou alterações de cor, além de testar a circulação pressionando o dedão e observando a rapidez com que a cor rosada retorna. Consulte regularmente um podólogo ou médico especializado”.

Saiba mais

A Estomaterapia é uma área de especialização em enfermagem que trata da atuação nas áreas de estomias, feridas agudas e crônicas, fístulas e incontinência anal e urinária. O enfermeiro estomaterapeuta é um profissional capacitado para cuidar com destreza e segurança de pessoas com estomias, feridas e incontinências, no âmbito hospitalar e ambulatorial, bem como na assistência domiciliar. Possui também conhecimento sobre as diversas tecnologias disponíveis no mercado, de forma que a função do profissional estomaterapeuta não é limitada apenas à assistência, mas também ao treinamento, orientações aos pacientes, familiares e demais profissionais da área de saúde.

Norma Gill-Thompson é considerada a primeira estomaterapeuta e a “mãe da estomaterapia mundial”. A doutora Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos é considerada a “mãe da estomaterapia brasileira”.

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