“Caiu-me a alma ao meio da rua
E não a posso ir apanhar.”
Mário de Sá-Carneiro
I
Ó alma, despe estas sujas vestes
Ou não terás os manjares celestes!
O Fogo Redentor
Levou-te a Mãe e aos Titãs foste dada;
Ó alma deserdada,
Nasce outra vez no Tríplice Fulgor!
II
Do vinho insaciável que bebeste,
Qual abismo sem fundo,
Restou a sede e a Terra que perdeste!
O teu Ser mais profundo
É o Infante que corre entre as Idades
Colhendo sombras de Antigas Verdades.
III
Tu és o espelho partido em pedaços
Que a Deusa Mãe colheu…
Já não voas. Há sangue nos teus passos;
A vida te prendeu.
Só vês agora o Luar nos vitrais,
E sonhas… mas fecharam-te os Umbrais!
IV
Quando almejas a íngreme subida
Em êxtase o olhar,
A tua sombra prende-te, inimiga,
E te impede que sigas.
Na torre do castelo destruída
O Lobo Negro a uivar…
V
Ó alma, quando nos encontraremos?
Longa e triste é a estrada…
São migalhas apenas o que temos,
Clarões de uma Alvorada!
Da Redenção lembramos que esquecemos,
Ó Alma desfolhada!!!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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