A ODE TITÂNICA

24/08/2024

“Caiu-me a alma ao meio da rua

E não a posso ir apanhar.”

Mário de Sá-Carneiro

 

                        I

Ó alma, despe estas sujas vestes

Ou não terás os manjares celestes!

O Fogo Redentor

Levou-te a Mãe e aos Titãs foste dada;

Ó alma deserdada,

Nasce outra vez no Tríplice Fulgor!

 

II

Do vinho insaciável que bebeste,

Qual abismo sem fundo,

Restou a sede e a Terra que perdeste!

O teu Ser mais profundo

É o Infante que corre entre as Idades

Colhendo sombras de Antigas Verdades.

 

III

Tu és o espelho partido em pedaços

Que a Deusa Mãe colheu…

Já não voas. Há sangue nos teus passos;

A vida te prendeu.

Só vês agora o Luar nos vitrais,

E sonhas… mas fecharam-te os Umbrais!

 

IV

Quando almejas a íngreme subida

Em êxtase o olhar,

A tua sombra prende-te, inimiga,

E te impede que sigas.

Na torre do castelo destruída

O Lobo Negro a uivar…

 

V

Ó alma, quando nos encontraremos?

Longa e triste é a estrada…

São migalhas apenas o que temos,

Clarões de uma Alvorada!

Da Redenção lembramos que esquecemos,

Ó Alma desfolhada!!!

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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