Iguatu guarda sua particularidade socioeconômica com a produção de cadeiras. Um setor fabril do município que cresce significativamente ao longo dos últimos dez anos, gera empregos direitos e indiretos, ajuda a circular dinheiro dos salários no comércio e ajuda o município a consolidar o nome lá fora como pioneiro na produção e vendas das cadeiras. Por conta dessas características é que já tem produto fabricado em Iguatu, nas pequenas, medidas e grandes unidades fabris, espalhadas até em outros países da América Latina (Venezuela, Colômbia, Bolívia, Paraguai, Equador, Peru e outros). Preço competitivo e qualidade no acabamento têm feito nossas cadeiras chegarem até los hermanos vizinhos.
Produzir cadeiras numa região como esta tem lá seus ‘gargalos’. O empresário do setor precisa trabalhar sempre com uma planilha de custos nas mãos para evitar os prejuízos. Atualmente existem em Iguatu pelo menos 15 pequenas e médias fábricas de cadeiras. Praticamente toda a produção mensal, cerca de 150 mil unidades, vai para os estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Somente os terceirizados que fazem o acabamento das peças somam em torno de 8 mil trabalhadores, eles são conhecidos como ‘enroladores de cadeiras’. Responsáveis em trançar a fibra deixa cada peça pronta para venda.
Os desafios são gigantes, desde a compra da matéria-prima, falta de mão de obra qualificada, escoamento e frete e as vendas num mercado cheio de armadilhas. Mas o maior de todos os entraves é a falta de uma entidade que congregue toda a categoria de produtores e empresários, uma associação, cooperativa, que seja, mas necessariamente uma organização que ajude e fortaleça o setor do ponto de vista do cooperativismo. Juntos os empresários e trabalhadores poderão conquistar melhor preço comprando matéria-prima em grande quantidade, se conhecendo melhor e se fortalecendo para conquistar melhor preço final dos produtos junto aos compradores, conquistando cursos de capacitação para os trabalhadores diretos e indiretos junto ao SENAI-Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, buscando incentivos fiscais e tributários junto à gestão municipal. Poderiam lutar pela realocação de todas as fábricas de cadeiras numa mesma área, um centro de produção, a partir da instalação de galpões produtivos, movimentando a economia local, reduzindo custos com aluguel, água e energia.
Carências e perspectivas
Sueli Pereira de Araújo é uma empresária do setor. A fábrica dela, Classul, foi criada em 2009. Sueli foi iluminada com a ideia de criar o empreendimento, depois de trabalhar por 12 anos numa rede de lojas do varejo. Atualmente consegue gerar cerca de 80 empregos diretos e indiretos e fabrica em torno de 10 mil cadeiras. Toda a produção dela já sai da fábrica para entrega. Vende para todos os estados do Nordeste e ainda, Tocantins e Pará, Norte do Brasil.
De acordo com João Batista, gerente da Classul, um dos profissionais mais experientes do setor, uma cadeira para ficar pronta passa por seis etapas, desde o corte da vara de ‘cano’ de seis metros, a dobra (dando formato à cadeira), solda para juntar as partes, lavagem em água, sabão especial e produtos químicos para remoção de óleo e outras sujeiras, pintura especial com pó químico e temperatura de 200º e a última etapa, feita pelos terceirizados que envolvem as peças com as fibras, material que deixa a cadeira pronta para uso. Na Classul tem até a cadeira carro-chefe, ‘Naja’ peça campeã de vendas e top na preferência dos consumidores.
Sueli enfatiza que poderia produzir mais do que 10 mil cadeiras/mês, já que a venda seria garantida, mas falta mão de obra qualificada e dinheiro para investimento em infraestrutura e matéria-prima. “Se a gente conseguisse produzir além disso conseguiria vender, pois temos os pedidos chegando, mas vamos colocando na fila e atendendo na medida do possível”, finalizou.
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