A saga de Zé do Rádio, ouvinte fiel

22/06/2024

José Venâncio de Oliveira, 83, conhecido popularmente como ‘Zé do Rádio’, não por acaso ganhou este pseudônimo. Ouvir rádio para ele é sua vida. Mesmo com a idade que tem, ‘Zé do Rádio’ é caprichoso quando o assunto é ouvir o aparelho tagarela que dá notícia, toca música, informação e até uma fofoca de vez em quando.

Quando ainda estava em idade produtiva, José Venâncio tinha o rádio como companhia. Na época ele morava no Alto do Jucá e tomava banho no rio Jaguaribe, claro, levava o rádio movido a pilha, colocava na areia ligado e tomava seu banho ouvindo. Lembra quando Iguatu tinha apenas uma emissora, rádio Iracema, depois, rádio Cidade, rádio Jornal e os tempos de ouro, dos programas matinais e de fim de tarde, os animados programas de forró e música raiz, os locutores que fizeram história como Assis Vasconcelos ‘Vasco’, Jota Jaime, Assis Araújo, Martim Lutero, Marlene Teixeira, Souza Silva, Antônio Pinheiro. Zé do Rádio lembra que acordava às 4h da manhã para ligar o rádio e começar suas atividades, sempre tendo o rádio como companheiro inseparável. “Pra onde eu ia, levava meu radinho comigo. Eu gostava muito de ouvir, estava sempre com ele ligado perto de mim, era trabalhando e ouvindo. Eu sabia de tudo que acontecia, porque o rádio noticiava”.

Família

A reportagem localizou Zé do Rádio na Av. Dário Rabelo, seu endereço já de muitos anos. Está aposentado e já não trabalha mais. Vive com a esposa Maria das Dores de Oliveira, 82, numa casinha simples. O casal teve seis filhos: Esmeralda, Cristina, Vera Lúcia, Antônio, Luiz Neto e José Filho, cada um vive sua própria vida e as visitas acontecem periodicamente.

Zé do Rádio é iguatuense, a esposa, filha natural de sítio Três Irmãos, município de Cariús. Maria das Dores indiretamente se tornou ouvinte de rádio, também pudera, casando com um rapaz fissurado por rádio ia acabar gostando também. “Sempre gostei e gosto de ouvir rádio até hoje. Ouço com ele, ouço sozinha, quando estou fazendo as coisas na cozinha, às vezes passo o dia todo ouvindo”, frisou.

Trabalho

José Venâncio se tornou fã de rádio numa época em que não havia tanta diversão e as pessoas estavam muito dependentes daquilo que chegava até elas pelo rádio. Fosse música, informação, notícia, diversão. A TV já era popular, mas o rádio sempre exerceu sua liderança e com muito favoritismo. Zé do Rádio lembrou seus dois últimos empregos, na loja de carros de Zé Antão e no Detran de Iguatu, este último trabalhou como vigilante. Nem precisa escrever qual era a companhia dele nas noites solitárias de Iguatu, quando somente o som distante do rádio movido a pilha dava sinais de que ali alguém estava acordado no serão da noite. Quando as rádios da cidade saíam do ar, meia noite, Zé Rádio ficava procurando no dial outras emissoras, até sintonizar alguma de longe, Sociedade da Bahia, Clube de Pernambuco, Alto Piranhas, Paraíba, até às 4h da manhã quando o rádio iguatuense despertava. “Tinha os programas de cantoria, com os melhores cantadores, depois vinha o forró, tinha noticiário, a gente sabia dos acontecimentos, antes pelo rádio”, lembra.

Gonzagão

Zé do Rádio e a esposa Maria das Dores sempre foram admiradores do mestre da sanfona Luiz Gonzaga. Para o casal, era uma das melhores coisas ouvir Luiz Gonzaga pelo rádio. Era o forró autêntico e na voz saudosa do ‘velho Lua’ ficava ainda melhor. Os dois amantes combinam que era ‘Seu Luiz’ quem cantava o Nordeste como ele é. Cantava tudo, originalmente, suas dores, sofrimento, alegria, ninguém tinha tanta vocação para emocionar como ele, Luiz Gonzaga. “Comecei a gostar das músicas de Luiz Gonzaga, ouvindo pelo rádio, porque a televisão só começou a mostrar ele, quando Luiz já era famoso do rádio”, afirmou.

 

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