A vida aos 100 anos com lucidez e disposição

24/09/2022

José do Carmo Filho, ‘Dedé do Carmo’, completa 100 anos, neste sábado 24 de setembro. Ele nasceu num Brasil bem diferente de hoje, há um século atrás, em 24 de setembro de 1922.

Nascido na comunidade de João Bento, zona rural de Acopiara, filho de pais agricultores, Dedé do Carmo também seguiu os passos dos genitores, trabalhando na roça e na pecuária cuidando do gado dos avós. Como ele próprio faz questão de afirmar, “vida de gado é uma coisa que a gente nunca esquece, já larguei há muito tempo, mas nunca esqueci da minha lida com gado, era trabalhoso, mas eu sempre queria fazer, meu apeguei muito aos bichos”, contou.

Em 1922, o Brasil vivia a efervescência da Semana de Arte Moderna em São Paulo. Também naquele ano o país, principalmente o Nordeste, vivia sob o manto do medo, por causa do bando de Lampião que cruzava o sertão por terra e água invadindo cidades, saqueando e matando. Dos fatos políticos e culturais mais relevantes, em Niterói, Rio de janeiro era fundado o PCB-Partido Comunista do Brasil, em 25 de março. Em 06 de setembro, o então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, assinava o Decreto que tornava oficial a letra do Hino Nacional Brasileiro, composta por Osório Duque Estrada. O Brasil comemorava 100 da Independência.

 

Saudável

Ao completar um século de nascimento e cheio de saúde, a vida sorri para ele. José do Carmo deveria ser estudado pela ciência da longevidade. Aos 100 anos, completados neste sábado, ele não tem rugas no rosto, consegue se deslocar para qualquer lugar com suas próprias pernas, faz suas necessidades sozinho, e o mais importante: tem uma memória muito bem preservada.

Talvez seja ele, um, entre milhões de brasileiros que consegue chegar a um século de vida, com total lucidez sem sinal algum de Alzheimer, demência, obesidade, ou quaisquer outras comorbidades. Dedé não tem diabetes, não é hipertenso, tem boa audição, se alimenta e dorme bem. A ciência vai ficar lhe devendo, se não pesquisar sua genética e origem.

O homem centenário trabalhou cuidando de gado dos 10 aos 35 anos, na propriedade da família. Quando deixou a vida com a criação bovina, casou com Ana Rufina de Jesus e foi trabalhar na agricultura de sequeiro, com o plantio de milho, feijão, arroz, algodão e outras culturas dominantes da época. Sendo um homem simples, da roça e com pouco estudo, já casado com as responsabilidades da casa para dar conta, só lhe restava a agricultura.

Família

O matrimônio lhe deu quatro filhos, dos quais o casal conseguiu criar três: duas filhas mulheres, Valdenir, Valdir e José Valdei (saudosa memória). Dos dois filhos homens, um faleceu ainda recém-nascido e o outro faleceu aos 32 anos, vítima de um infarto, por um problema cardíaco.

Também por uma deficiência cardíaca, José do Carmo precisou encerrar mais cedo as atividades da roça, para cuidar de um problema que teve no coração. Passou por procedimento cirúrgico em Fortaleza e retornou para casa no interior, mas não foi mais para a roça.

Com a perda da esposa Ana Rufina em 2015, Dedé do Carmo ficou viúvo. Mas sua boa memória guarda os momentos felizes e alegres que viveu ao lado dela. Falar da companheira de uma convivência de quase 60 anos faz o ancião encher os olhos de lágrimas. Saudades e lembranças de um amor que marcou sua vida, mas que se foi. Desde que se aposentou, divide a casa onde mora com a neta Elcivanda, que é sua filha também. Elcivanda chama Dedé de pai e por uma boa razão: ele a criou desde que ela tinha menos de dois anos de idade. É uma casa para três, Dedé, Elcivanda e o esposo dela, Afonso Reis, que é músico.

Neste sábado, 24, para celebrar os 100 anos do aniversariante, a família se programou para comemorar. Será numa churrascaria da cidade. O padre Ricardo da paróquia de Quixelô foi convidado para proceder com as bênçãos na virada da festa familiar do aniversariante, pelos 100 anos, muito bem vividos.

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