Maria Ósia de Carvalho parece uma menina no desabrochar da idade. Ela encanta com sua jovialidade, carisma e entusiasmo para viver. Vive intensamente cada momento. Uma mulher à frente do seu tempo. Quando indagada qual a fórmula para tanta lucidez, tanta juventude, tanta força, coragem e espírito público, ela vai buscar a resposta no DNA de seus antepassados, na composição das famílias.
De fato, Maria Ósia de Carvalho é por si só uma legenda. Aos 91 anos de idade e cheia de vida, a advogada e professora é uma mulher que não se deixa abater pela velhice, nem pelas doenças oportunistas. Ainda vai à praia praticar tai chi chuan, realiza suas tarefas domésticas, como costurar, arrumar gavetas, cozinhar, organizar a casa, participa de grupos sociais literários e musicais, canto em coral, e marca presença nos encontros de entidades e instituições organizacionais do Ceará.
Homenagem
No último sábado, 23, Ósia de Carvalho foi homenageada na Festa do Conterrâneo, promovida pela ACAI-Associação dos Conterrâneos e Amigos de Iguatu, em baile festivo no CRI-Clube Recreativo Iguatuense. Recebeu uma comenda em meio a muitos aplausos do público presente. A homenagem foi mais um gesto de reconhecimento da sociedade Iguatuense para com Dra. Ósia pela sua enorme contribuição como cidadã e profissional, como advogada, professora e mulher atuante, na luta diária pelas conquistas. Ela declarou que foram momentos de muita emoção e felicidade, ao rever amigos. “Eu me senti muito feliz em ter vivido aquele momento tão bonito, em cada abraço uma lembrança, tantas pessoas que pude rever e me emocionar”.
Ósia disse ter não ter palavras para agradecer à sociedade iguatuense, através da entidade ACAI, pela homenagem a ela atribuída, tendo recebido uma comenda, a qual se comprometeu expor em casa com muito carinho.
Trajetória
Nascida no município de Jucás, Ósia de Carvalho viveu sua infância no município de Cariús, quando adolescente veio morar em Iguatu onde permaneceu, constituiu família e passou a exercer forte influência no meio da sociedade, pelos seus dons artísticos, sua vocação para a música, através do bandolim e sua atuação na vida profissional, como professora e advogada, até se transferir para Fortaleza, onde reside atualmente.
Ela afirmou que se sente uma mulher nômade, mas declarou seu amor pelas cidades onde nasceu, viveu a infância, onde atuou na carreira profissional e onde mora atualmente. De Iguatu, é filha por adoção, por ter recebido o título de Cidadã Iguatuense.
As lembranças de Ósia da casa dela, onde é hoje o restaurante Vila da Telha, na Praça Francisco Airton Jucá de Carvalho, (Praça da Criança), trazem-lhe recordações memoráveis. Lá a professora e advogada viveu, talvez os dias mais felizes de sua vida, junto com o esposo Alcides Carvalho e os seis filhos. Ósia cita que havia ali na área externa um jardim, no interior do imóvel, biblioteca para as crianças estudarem, seu escritório de advocacia e até a criação do grupo Minueto de bandolins teve origem lá.
“Tudo me trazem recordações belíssimas. São lembranças que me fazem feliz, inesquecíveis, o que eu quero é preservar aquele ambiente cultural, tá entendendo?”.
Ósia de Carvalho criou o hino oficial de Iguatu, é co-autora também do Hino ao Advogado, no coral da OAB/CE. Foi Dra. Ósia quem fez a melodia, os arranjos são do maestro Wilson Freire, com a letra de Iracema Maia, Raimundo Nonato e outros autores, que também integram os quadros da entidade no Ceará. Mas, inegavelmente, sua maior obra literária e musical mais primorosa é o hino oficial de Iguatu. Além da participação dos maestros Paulo de Tarso e Manoel Ferreira Lima, com arranjos e melodia, mas Ósia parecia já ter toda a obra guardada na memória, só faltava organizar no papel e notas musicais.
A rotina
Para quem já ultrapassou a barreira dos 90 anos, Ósia de Carvalho impressiona pela saúde e disposição. Dorme por volta das 22h e acorda cedo, às 6h, para seu café com tapioca. “A alimentação é bem cuidada para evitar excessos”, diz ela. Na rotina diária estão inclusos exercícios físicos para cuidar do corpo e da mente, participação em grupos de música e coral e até atividades de casa, das quais ela não abre mão de fazer, como arrumar suas próprias gavetas. Ela tem agenda de atividades culturais em grupo, para escrever poesias, tocar, cantar e celebrar a vida. “Estou fazendo mestrado e doutorado em vida, aprendendo com a vida, com as pessoas com quem você convive, com alegria, porque espalhar tristeza e agonia não resolve nada para ninguém”.
Do casamento com o inesquecível esposo Alcy Lopes de Carvalho (saudosa memória) ficaram os seis filhos: Alciomar, Alciléa, Alcilene, Alcione, Alcimar, Alcileide. Alcionar, o filho mais velho faleceu em 2021 vítima da Covid-19.
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