Após uma série de atrasos e problemas de execução, o Censo Demográfico 2022 foi divulgado na quarta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O órgão identificou um acréscimo de 1.569 pessoas (2,96%) na população da cidade em relação ao Censo de 2010, chegando ao total de 98.064 habitantes. Esse, contudo, foi o menor crescimento percentual entre censos desde o início da pesquisa nacional.
A contagem real arquiva a projeção de mais de 100 mil habitantes estimada pelo próprio IBGE, em 2018. Desde aquele ano, esse número foi a base para diversas políticas públicas e decisões governamentais.
A pesquisa do IBGE também aponta que a cidade de Iguatu tem uma densidade demográfica de 98,83 habitantes por km² e uma média de 2,8 moradores por residência. “A pesquisa constatou um aumento considerável de residências, porém ficou evidenciado também uma queda na média de moradores por domicílio em relação a 2010. No Brasil, por exemplo, o número de domicílios cresceu 34% e a média de moradores por domicílio caiu de 3,31 para 2,8 pessoas. Ceará e Iguatu tiveram resultados muito semelhantes aos do Brasil. Apesar da falta suficiente de dados, pode-se supor que essa tendência seja fruto de algumas situações como maior facilidade de aquisição de casas populares, jovens saindo de casa para morar sozinho ou formar pequenas famílias. Em análise preliminar, que pode ser mais fundamentada com a publicação dos demais indicadores, podemos fazer algumas suposições; o processo migratório, que pode ser influenciado por questões como qualidade de vida, oportunidades de empregos, e pelo crescimento vegetativo, que nada mais é do que a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade”, disse Marcelo Ximenes, economista e professor da FASC – Faculdade São Francisco do Ceará e da URCA.
Ainda conforme o economista, o baixo crescimento populacional pode ser explicado por fatores já conhecidos, como o aumento da expectativa de vida. “Tudo isso sugere que haja uma queda nas taxas de natalidade e mortalidade. Por outro lado, fatores mais pertinentes ao cotidiano mais recente também podem ter impactado nos resultados. A pandemia, por exemplo, junto com a crise econômica e o colapso do sistema de saúde. Se em Iguatu, que é considerada um polo regional, falta oportunidade de trabalho, contam-se nos dedos as indústrias, e a maioria dos empregos estão concentrados na esfera pública e nos serviços, praticamente forçando as pessoas a buscarem locais com mais opções e emprego e crescimento, muitas vezes “expulsando” o capital humano qualificado da cidade por não proporcionar a possibilidade de crescimento. Ora, se isso ocorre em Iguatu, que muitos gostam de chamar de “Capital do Centro-Sul”, imagina o que não acontece em cidades menores, como é o caso da nossa simpática cidade de Catarina”, ressaltou.
Especialistas ponderam que uma análise mais precisa só é possível após a divulgação completa do censo 2022. Outro ponto visto é o fato de que 5% da população não responderam ou não foram encontradas pelos agentes do IBGE. “Ainda que os resultados das pesquisas atuais não sejam os mais agradáveis, eles devem ser enxergados dentro do contexto de uma consequência latente do impacto pandêmico nas cidades brasileiras. Isso é, sem dúvida, um indicador de densidade e deve ser levado com o rigor institucional que a pesquisa apresenta, mas a questão que mantém esses índices tão significativos não foi resultado apenas de uma cidade de Iguatu, mas o retrato de toda uma margem populacional brasileira”, ressaltou Pablo Bandeira, economista, professor, ex-secretário do Desenvolvimento Econômico de Iguatu.
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