A gravidez costuma ser associada, no imaginário social, a um período de felicidade. O mar de fotos da “doce espera” que costuma inundar as redes sociais reforça essa ideia. Mas a cobrança pelo estado de alegria pode acabar silenciando mulheres que, na verdade, estão lutando contra a depressão. E o sofrimento durante a gestação afeta tanto as mães quanto os bebês. Pensando nisso, Natécia Araújo, 22, e Bruna Barreto, 22, estudantes do curso de Psicologia desenvolveram o projeto intitulado “Um Olhar Psi”.
Em uma rede social elas abordam temas dentro do ciclo gravídico-puerperal que é estudado pela Psicologia da Gravidez ou Perinatal. A iniciativa surgiu dentro do ambiente acadêmico em meio à troca de experiências e informações sobre o assunto e pelo interesse mútuo em dialogar sobre questões referentes ao ciclo de pós-parto.
Ao identificar a necessidade de um espaço para as gestantes compartilharem seus anseios, tendo uma escuta qualificada e informações verídicas e científicas, mas com linguagem acessível a todas as mulheres e também à rede de apoio, foi criado o endereço @umolhar.psi_ no Instagram. “Na rede social inicialmente compartilhamos informações para chamar atenção do público alvo e a partir daí formar o grupo de gestantes. Planejamos interagir na plataforma através de vídeos, posts e lives sobre os variados temas que a Psicologia Obstétrica/Perinatal aborda e ampliar com o projeto presencial, que iniciará em março, e visando acolher essas gestantes”, disse Natécia Araújo, 22.
“No decorrer da graduação tivemos contato principalmente com gestantes vivenciando o pós-parto. A escuta de relatos marcantes também é muito frequente, por um mito de que não é necessário o psicólogo inserido no plano de pré-natal obstétrico, essas gestantes têm sua escuta invalidada e esquecida”, adiantou Bruna que, assim como Natécia, está no 9º semestre do curso na UNIVS em Icó.
Prevenção e acompanhamento
As acadêmicas identificam a realidade no Brasil e principalmente no interior do Ceará em um contexto de falta de acesso à informação, que leva a algumas mistificações diante da gravidez, e reforça o achismo popular que é instintivo da mulher passar por esse período sozinha, sem acompanhamento. “O principal objetivo desse trabalho é enfatizar o quanto a prevenção é importante para evitar possíveis doenças psicológicas no período gestacional e puerperal. O acompanhamento psicológico previne a alteração emocional nas gestantes e pode assim diminuir as taxas elevadas de bebês prematuros, que já eram significativas, mas foram ainda mais impulsionadas na pandemia da Covid-19, pelo estresse vivenciado pelas mulheres grávidas”, afirmou Natécia.
Saiba mais
A área de conhecimento é pouco difundida dentro da Psicologia, apenas 1% dos profissionais conhecem a Psicologia Perinatal no Brasil. O termo Psicologia Perinatal não é o único utilizado para indicar o trabalho de profissionais da Psicologia que atuam na perinatalidade e na transição para a parentalidade. Alguns profissionais usam também os termos Psicologia Obstétrica; Psicologia da Maternidade; Psicologia da Gravidez, parto e puerpério, entretanto o termo mais utilizado atualmente é Psicologia Perinatal.
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