O cenário no açude Juscelino Kubistchek (Orós) está bem diferente desde o início da primeira quinzena deste mês. Boa parte das ilhotas e pedras antes aparentes voltaram a ficar submersas. No açude Orós, houve um aumento de mais de 2 metros na coluna de água. A capacidade hídrica, que no começo deste mês era 5,2%, até ontem, sexta-feira, era 8,42%.
O grande espelho d’água voltou a atrair visitantes e moradores. “Eu moro em Orós, tinha vindo aqui só ver essa bênção. A gente que só escutava notícias que o açude estava seco. Podemos ver esse alívio. Espero que venha mais chuva para encher ainda mais”, comemora Gêrda Vieira, autônoma.
O reservatório tem papel importante no abastecimento das cidades de Orós, Icó (através de recarga do açude Lima Campos), Jaguaribe e Jaguaretama, além de dezenas de localidades rurais e distritos. “É a nossa principal fonte de geração de emprego e renda. É daqui que muita gente tinha renda. São dezenas de famílias que vivem da pesca, agropecuária e turismo. Mas por conta da seca, os negócios, muitos, já acabaram, e quem ainda resiste é porque precisa. Mas está difícil”, comenta o comerciante Antônio Vicente de Souza, dono de um restaurante-balsa, que funciona nas margens do açude.
Fonte de renda
Francisco é pescador artesanal. Por enquanto a atividade está paralisada por causa do período da piracema. Ele está animado com a recarga do açude. “O açude tomando água, daqui uns dias vai ter mais peixe. Isso é bom pra gente. Porque é da pesca que levo comida pra casa”, disse.
Navegando diariamente pelas águas do Orós, o pescador aposentado José Bento Nogueira comprou um barco para o transporte de moradores de áreas ribeirinhas. “Moro no Sítio Ilha Grande, em Quixelô. Aqui pra gente quando tem água, tá cheio, é bem mais perto. A gente tira numa reta só. Com pouco água, tinha que navegar com mais cautela. Com essa recarga de mais de 2,64 metros de coluna de água, melhorou e muito. Espero que o aporte continue aumentando para navegar com mais segurança ainda”, disse confiante, lembrando que já viu muitas cheias do reservatório.
Nível preocupante
O aumento no volume hídrico do Orós se deve principalmente às últimas chuvas na região do Cariri. De acordo com a COGERH, mesmo com esse aporte, a situação do nível hídrico do açude continua preocupante. A esperança de todos é que a recarga de água no Orós continue pelos próximos dias, para enfrentar principalmente o segundo semestre que é o mais seco do ano.
Maio é o último mês da quadra chuvosa. Segundo dados da COGERH, em 1º de julho do ano passado, o açude Orós acumulava 9,1%. Para atingir essa marca é preciso de mais 1% de recarga, porém o nível de água que entra no reservatório tem sido reduzido nos últimos dias.
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