Um incêndio que dura mais de 25 dias vem consumindo uma grande área florestal, na zona rural de Icó. O fogo já devastou mais de cinco mil hectares de área de vegetação nativa e pasto. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Iguatu, a situação de combate ao incêndio é difícil, por ser vários focos espalhados em uma região de serra. Mesmo com o auxílio do helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas, Ciopaer, o fogo em algumas áreas se espalha rapidamente por conta da vegetação seca.
A capitã Lívia Marinho, co-piloto da Ciopaer, explicou que no combate desse tipo de incêndio, a aeronave jogo água por cima e equipe dos bombeiros em solo apagam os focos. “Como é um incêndio de grande extensão e focos bastante espalhados, são necessárias várias viagens entre idas e vindas sobrevoando e despejando água direto sobre os focos. Mas tudo tendo que respeitar as medidas de segurança da aeronave e também para que o resultado seja positivo. É o que nós esperamos”.
Em Icó, o fogo começou há mais de vinte dias, nas proximidades do Posto da Polícia Rodoviária Federal, na BR 116, e logo se espalhou pela região da serra da Bertioga, atingido várias localidades rurais. Uma das últimas ações de combate pelos bombeiros, foi no Sítio Serrota. “Aqui, a gente nunca tinha visto um incêndio desses. Aconteciam as queimadas, na mata, pessoal fazendo broca, outros tirando abelha, fazendo carvão. Mas desse jeito aqui nunca tinha visto. Esse fogo veio de longe”, contou o agricultor Francisco Vieira da Silva, morador da região atingida.
Apoio fundamental
O combate ao incêndio pela aeronave é feito com o auxílio de um cesto (Bambi Bucket) suspenso por cabos de aço que é submerso no reservatório para coletar a água. O cesto tem capacidade para 1000 litros de água. “Esse apoio da aeronave ajuda muito. São necessárias várias investidas diretamente nos focos para a gente conseguir fazer esse trabalho com êxito. O que a aeronave faz em questão de poucos minutos, retirando água do açude e jogando sobre o fogo, rescaldando uma grande área, por terra levaríamos horas. Esse apoio da aeronave está sendo fundamental para preservar muitas áreas de mata da caatinga”, explicou o Comandante do 4º Batalhão dos Bombeiros de Iguatu, tenente coronel Nijair Araújo.
Além da aeronave da Ciopaer, o combate ao incêndio na região de Icó contou militares do Corpo de Bombeiros de Iguatu, Juazeiro do Norte e Crato. Moradores de forma voluntária também continuam ajudando no combate ao fogo. Ainda ontem, sexta-feira, 11, equipes dos bombeiros de Iguatu estavam no local que é considerado de difícil acesso por ser região de serra e mata fechada, apagando os focos. No início da semana, o Comandante Geral dos Bombeiros, coronel Holanda, fez sobrevoo em áreas atingidas nas regiões Centro-Sul e Cariri, onde foi montada uma força tarefa e novas estratégias para combater os incêndios que causam grandes prejuízos para donos de terra, principalmente para a fauna e flora local.
Rastros de destruição
Na fazenda que seu Francisco trabalha é proibida a caça e a pesca predatória nos açudes da propriedade. “Mas aqui já perdemos praticamente tudo. O prejuízo quando terminar vai ser grande. Temos mais de mil hectares, mais de 800 já foram consumidos pelo fogo. Fora isso os veados, tatus, raposas, tinha ave de tudo que era jeito aqui. Macacos, o fogo matou muitos. Nossa área de serra que era preservada foi totalmente devastada pelo fogo. Fora isso, o que fica depois? Só terra aberta sem nada em cima. Além do perigo do fogo chegar perto das casas, matar os rebanhos. Porque comida e água eles não têm mais”, lamentou.
Bombeiros sem água
Nos últimos meses, o Corpo de Bombeiros de Iguatu registrou várias ocorrências de incêndio. Somente no mês de setembro foram mais de cem focos de incêndio na região.
“Mais de 460 incêndios na Região Centro-Sul e não temos um poço profundo dentro do quartel. Estamos receosos de não termos água para debelar tantos focos. Seria muito bom se alguma autoridade nos prestigiasse com um poço artesiano nas dependências do quartel. Fica a sugestão para ser discutida”, declarou o tenente coronel Nijair.
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