Aguente-se a podridão

06/07/2019

É vergonhoso, indecente mesmo, o que se vem confirmando sobre a atuação do então juiz Sérgio Moro na Lava Jato desde os vazamentos tornados públicos pelo The Intercept Brasil. Esta semana, ou mais precisamente ontem, na sequência dos muitos ilícitos praticados pelo atual ministro à época (e já tornados públicos), um sem número de novas conversas mantidas por ele com Deltan Dallagnol materializa a sua parcialidade, e dá a ver, definitivamente, como se faz justiça neste país.

Enquanto isso, objeto do ódio e do esquema político que o tirou da última eleição para presidente, na mais vexaminosa orquestração levada a efeito no Brasil em termos eleitorais, sem provas que o justifiquem, permanece preso o maior líder brasileiro de todos os tempos, Luiz Inácio Lula da Silva. Que país é este?

Nas conversas, não resta dúvida: Moro era quem comandava a operação Lava Jato, manipulando como a um mamulengo o senhor Deltan Dallagnol. Nelas, sem meias-palavras, Moro sugere alterações nas acusações a fim de facilitar a condenação previamente pensada; estabelece prazos; cobra manifestação contra preventiva; orienta procuradores sobre delação; admite examinar rascunhos de processos, a fim de aperfeiçoá-los com observações, e, mais uma vez, ouve Dallagnol chamar de ‘nosso’ um ministro do STF. Dessa feita, o “parça” da corriola tem outro nome: “Fachin”, assim, com a intimidade dos prostituídos.

Num país sério, é claro, o ministro Sérgio Moro já teria ido pregar em outra freguesia e, por óbvio, as condenações originadas de sua caneta imoral, tornadas sem efeito. Mas é Brasil, e Moro continuará tendo como seus subordinados aqueles a quem caberia apurar suas trapaças curitibanas.

As matérias divulgadas hoje pela grande imprensa, no entanto, queira-se ou não, já resultam devastadoras para a reputação do ministro Sérgio Moro, e devem abalar, ainda mais, os frágeis alicerces morais do Supremo Tribunal Federal.

Enfim, o país se tornou uma zorra, um prostíbulo de quinta, uma casa da Joana depois das grandes farras…

Aguente-se uma podridão dessas!

Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais

MAIS Notícias
Por ocasião do Dia Nacional do Livro *
Por ocasião do Dia Nacional do Livro *

Tenho comigo as palavras do professor Marcos Agra, quando estudava o pré-universitário em Campina Grande: – “Leia tudo. Dos clássicos aos cordelistas, mas escolha bem as suas leituras.” Àquela altura, para um filho de uma cidade pouco afeita à literatura, já era...

A morte como exercício poético
A morte como exercício poético

"Você me abre seus braços/ e a gente faz um país." Desde ontem, obsessivamente, tão logo soube da morte do poeta Antonio Cicero, ocorrem-me os versos desconcertantes de "Fullgás", poema que seria musicado por sua irmã Marina Lima, para entrar para a história da MPB...

A lição de Roberto e outras lições
A lição de Roberto e outras lições

  Dono de um currículo pessoal que o diferencia, como advogado, executivo, empresário do ramo da agricultura e da pecuária, aos 42 anos Roberto Costa Filho vence a eleição para prefeito de Iguatu e faz história pelo exemplo de elegância, coragem e irrestrita...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *