O açude Carlos Roberto Costa (Trussu) fica no distrito de Suassurana, em Iguatu, e tem capacidade de armazenamento de pouco mais de 268 milhões de metros cúbicos. Atualmente conta com 52,29% da capacidade. O manancial não verte (sangra) desde maio de 2011, e ao longo desse tempo sofre com baixas recargas hídricas, melhorando a situação nos dois últimos. O que possibilita um certo conforto hídrico.
Porém, no segundo semestre, com a escassez de chuvas, as temperaturas aumentam, proporcionando uma maior evaporação da água, além do consumo humano, uso na agricultura, pecuária. “O açude Trussu é um açude muito importante aqui na região, pois Iguatu se destaca também com a agricultura, a carcinicultura que está crescendo bastante. Além do consumo humano, o açude pereniza um trecho de 36km de rio chegando até o sítio Botão, em Quixelô”, disse Wellinton Souza, gerente regional da Companhia de Recursos Hídricos – COGERH.
Uma preocupação que se soma ao cenário são os recentes alertas de onda de calor e baixa umidade do ar no Estado do Ceará, de acordo com informações que são repassadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Cerca de 60% de toda a perda de água dos reservatórios acontece no segundo semestre. A evaporação da água ajuda nesse processo por conta do aumento das temperaturas. “As previsões mostram um cenário não muito favorável à estação chuvosa para o ano que vem. Tudo indica que teremos chuvas pouco abaixo do esperado como é projetado. O El Niño se concretiza cada vez mais, mas vamos esperar”, comentou o gerente dizendo ainda que diante desse cenário.
Contingência
Wellinton explica que “em relação a capacidade e a sustentabilidade dos recursos hídricos a gente tem uma questão que chamamos de grupo de contingência. O Trussu está numa situação confortável, de acordo com porcentagem, então pela situação que se encontra hoje, teremos água até meados de 2025”.
Diariamente as réguas de medição instaladas no açude são acompanhadas, os dados são repassados para a companhia. Trussu é o segundo maior reservatório da Bacia do Alto Jaguaribe que abrange 24 açudes, ficando atrás do Orós, com capacidade para quase 2 bilhões de metros cúbicos.
“Aqui na nossa região do Nordeste o sol é muito ‘quente’ isso ajuda na evaporação de muita água. Muitas vezes a evaporação chega a ser maior que a água que é liberada pelo canal do rio e consumo humano. Além desse trabalho consciente de liberar água para atender a população, temos que levar muito em consideração a questão da evaporação e também o uso consciente dos usuários locais. A gente tem realizado campanhas para amenizar o desperdício de água. O uso consciente pode ajudar a estender cada vez mais o aporte do açude”, pontuou o gerente. “Temos um plano de secas e trabalhamos da melhor forma, em caso de escassez a gente programar para situações mais críticas. A gente trabalha prevenindo risco para atender todas as localidades”.
Batimetria
O Trussu, que até alguns anos tinha marcado 300 milhões de metros cúbicos, apresenta, de acordo com a COGERH, 268,800 hm³. “Em relação à batimetria, é um estudo que a gente faz para saber qual a real situação do açude. A última que a gente tem é de 268 milhões de metros cúbicos. A gente realizou uma nova batimetria em agosto e em breve serão disponibilizados os dados sobre o Trussu. A evaporação e mais o pouco registro de chuvas no segundo semestre do ano são responsáveis pelo acelerado processo de redução do nível dos reservatórios cearenses. Além disso, há um aumento no consumo por parte da população para amenizar o calor. Mas, muitas vezes a evaporação chega a ser maior que o próprio consumo humano”, finalizou Wellinton.
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