Alunos do curso de Operador de Turismo do Senac desenvolvem projeto com acessibilidade para pessoas cegas e de baixa visão

11/10/2024

Na primeira experiência estão pontos religiosos entre esses a Matriz de Senhora Sant’Ana, a Catedral de São José e a igrejinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Bairro Prado. Mas o projeto poderá ser adaptado a quaisquer outros pontos turísticos, isso porque também envolve hospedagem, lazer, entretenimento e gastronomia. A ideia partiu de alunos do curso de Operador de Turismo do Senac, em Iguatu, tendo a orientação do professor e instrutor Felipe Neris.

“A proposta partiu do instrutor Felipe Neris, que dividiu a turma em equipes e pediu para cada um escolher o público-alvo que iriam atender. Nós escolhemos desenvolver um projeto para as pessoas com deficiência visual. Pensamos em fazer uma Rota Sagrada, como batizamos o projeto. Escolhemos algumas igrejas e qual seria a melhor forma de criar uma experiência para elas. Vimos a possibilidade de parcerias com a turma de Aprendizagem, que criou uma bengala, uma forma de proporcionar mais mobilidade durante a rota e tudo que planejamos durante a rota, em si, é criar uma experiência para o público que não tem muitas oportunidades de vivenciar isso. Normalmente, as rotas são para pessoas que têm visão normal, não têm essas limitações”, explicou o aluno Diego Uchoa.

A rota foi pensada em um mínimo de três dias de atividades para o público do projeto, como explicou a aluna Thialita Fernandes. “A nossa rota tem duração de três dias, começando na sexta-feira, quando os turistas são recepcionados, vai ter a entrega da bengala e do folder que vai ter toda a programação da rota em braile e um QR Code que dá acesso a um áudio, descrição do folder, com vozes masculina e feminina gravada por mim e por Diego. No primeiro dia, eles são levados para o hotel, tem o jantar, onde podem descansar e relaxar no próprio hotel. No segundo dia, tem as visitações, primeiro na igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, tem o almoço meio-dia, à tarde vamos para igreja Perpétuo Socorro, à noite uma experiência gastronômica escolhemos levar para um restaurante na Vila Penha que oferece drinks diferenciados com frutas nativas, com tato, paladar, olfato. No domingo, o roteiro é a Catedral de São José, depois um piquenique e à noite mais uma experiência gastronômica no restaurante vizinho à igreja Matriz. Isso é um projeto, mas conforme fomos tendo as ideias, fomos entrando em contato com o pessoal das igrejas, dos restaurantes, do hotel, horários de funcionamento, tudo isso vai compor a rota. A gente optou por lugares que fossem mais calmos para os nossos turistas terem uma experiência melhor e sentir aquele lugar”, pontuou a aluna, ressaltando ainda que apesar de ser um projeto, já irão apresentar o trabalho até em congresso. “Depois que a gente pôr a rota em prática, vamos escrever um relatório, sendo que dentro desse projeto nós desenvolvemos três produtos que é a audiodescrição do folder, a impressão em braile e a bengala que foi a parceria com os alunos do Jovem Aprendiz.

“Podem até existir bengalas com sensores, mas um valor bem mais alto do que projetamos.  A nossa é feita em parceria e utilizando material reutilizado, entre esses canos de PVC. É muito importante. Acredito que as pessoas quando fossem desenvolver qualquer projeto olhassem para o lado da acessibilidade porque hoje muitas pessoas, cerca de 16% das pessoas cegas, não conseguem sair de casa ou coisa rotineiras, isso atrapalha muito essas pessoas. Então, foi pensando em melhorar a acessibilidade delas que desenvolvemos essa bengala com sensores. É um protótipo que vai ser aliado a esse projeto da rota turística”, destacou Maycon Dantas, aluno Jovem Aprendiz, técnico em informática.

Fé, inclusão e tecnologia

A formação desses profissionais visa justamente, além do preparo para o mercado de trabalho, a Educação Inclusiva, proporcionando a inclusão de pessoas com qualquer tipo de necessidade com a  intenção de orientar e assegurar o acesso de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida a pontos turísticos, meios de hospedagem e outros equipamentos, a exemplo de bares e restaurantes, que possuam as adaptações necessárias para proporcionar uma boa experiência turística de atendimento, entretenimento e lazer.

O instrutor Felipe Neris acredita que essa forma inclusiva vai proporcionar uma experiência para o público desejado, dando liberdade e autonomia em poder conhecer esses espaços. “Essa Rota Sagrada os meninos denominaram de: ‘Fé, inclusão e tecnologia’. Veio para fazer o diferencial. Dentro das pesquisas realizadas para o desenvolvimento dessa rota, nunca se viu uma rota tão acessível e tecnológica porque não é só trazer uma rota, o diferencial é que ela trabalha dentro do turismo acessível que traz acessibilidade para todos os turistas independente de sua limitação. Aqui no Iguatu nós somos assistidos pelo programa Senac Inclusão. A gente fala muito sobre inclusão, mas acaba excluindo essas pessoas porque a gente quer tratar de uma forma diferenciada, e não é. O que fazemos é colocar todos no mesmo ambiente e oferecer a mesma possibilidade. Como no turismo a gente trabalha oferecendo experiência, a mesma experiência para algum turista que não tem nenhum tipo de limitação é oferecida também para o turista que tem alguma limitação. A ideia não é só deixar para o município de Iguatu, mas expandir essa acessibilidade. A Rota já está inscrita para um trabalho nacional, vai servir de experiência para uma revista internacional. E os meninos foram convidados para apresentar esse trabalho também em outro estado. Estamos vendo a proporção que está tomando”, finalizou o professor Felipe.

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