Ana da Galileia e o Pastoril da Gameleira têm história contada em documentário

24/08/2024

O lançamento aconteceu no dia último dia 17, na comunidade de Gameleira, zona rural de Iguatu. Na plateia estava dona Ana Galileia Sarmento, 89, ao lado dos filhos Fabiano, Vitória e de outros familiares, parentes e vizinhos. Momento de muita emoção para quem estava presente e principalmente para quem integrou o tradicional grupo folclórico idealizado pela professora Galileia Sarmento.

O filme documentário integra o projeto idealizado pela produtora cultural, também formada em dança e pesquisadora Tatá Tavares contou com a participação da professora de dança Flávia Santos, Alexia Duarte, foto e vídeo e também de José Marcos, que dirigiu a parte sonora da obra. De acordo com Tatá, quando deixou Iguatu indo morar na Região do Cariri, passou a pesquisar os tipos de danças das regiões, mas sempre com o sonho e vontade de quando retornasse para Iguatu desenvolver um trabalho por aqui. Através da Lei de Paulo Gustavo, de incentivo às artes, foi realizado esse projeto: ‘Pé na Terra Coração na Dança: explorando as danças tradicionais de Iguatu’.

Depois de muitas pesquisas, chegou até dona Galileia Sarmento e o Pastoril da Gameleira. “Foi bem desafiador, mas veio a oportunidade de tentar trazer esse resgate. Nem que fosse na memória, a gente começou a fazer as entrevistas para pegar mais informações de imagens fotográficas, históricas mesmo. Foi quando a gente descobriu a mestra dona Galileia, da Gameleira. Um dos melhores achados de todas as minhas pesquisas desde quando cheguei e começou a fazer esse trabalho. Apesar do Alzheimer, dona Galileia contribui muito com o trabalho, relembrando os personagens e as músicas cantadas durante a apresentação. A gente estava com muito receio em falar diretamente com as pessoas, mas a família nos recebeu muito bem e tinha essa vontade de contar, de registrar a história dela e resgatar essa memória”, contou Tatá Tavares, agradecendo em nome da equipe a acolhida da família e da comunidade em relação ao trabalho.

Registro

A ideia agora é levar o filme para ser exibido nas escolas e posterior ser disponibilizado no YouTube. “Nossa ideia é essa. Vamos conversar com o pessoal das Secretarias de Cultura e de Educação para gente levar esse filme até os estudantes. E quem sabe instigar neles ou nas próprias escolas esse resgate e que surjam novos lapinhas, ou pastoril, como é chamado também. Vai dar certo”, explicou Flávia Santos.

Fabiano Sarmento destacou esse desejo que a família tinha da registrar a história de vida de mestra Galileia e do pastoril. “Ficamos muito honrados com esse documentário. A gente tinha em casa um tesouro guardado que era apresentado naquele período e depois ficava esquecido. Esse documentário vai deixar registrado não só a história da nossa mãe, mas como ela sempre levava o nome da nossa comunidade Gameleira. Ficamos muito felizes e agradecidos”, disse o professor.

Saiba mais

O pastoril integra o ciclo das festas natalinas do Nordeste. É um dos principais espetáculos nordestinos que celebra o nascimento de Jesus Cristo. Um folguedo popular dramático de origem europeia, apresentado entre o Natal e a Festa de Reis. Diversos personagens, entre as quais as pastoras, cantam e tocam maracá, entre outros como os três Reis Magos, elementos da natureza, anjos, borboletas e índios entram na trama. Essa tradição cultural é bem variada dependendo de cada estado, cidade ou região.

A dramatização da “Lapinha”, de origem religiosa, também é denominada Presépio. O envolvimento da mestra Galileia com o Pastoril foi iniciado quando ela era professora, em 1992, mas na infância a brincadeira era mantida pela família no dia 6 de janeiro, Dia de Reis.

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