ANTÍFONA

28/10/2023

O poema em dísticos decassílabos que se lerá infra transcrito foi inspirado por um real crepúsculo nesta cidade. Eventualmente eu caminhava, à hora vespertina, pela praça da Matriz. Ouvi então o ruidoso canto dos pardais e me vieram os dois primeiros versos verbatim. É um poema simbolista, fortemente vinculado à minha formação católica. Triste, melancólico, porque todo poeta deve padecer de indizíveis nostalgias…

 

               Antífona

 

“Ô vous, toute lumière”

Verlaine

 

No entardecer, a hora dos pardais,

Algo sempre nos lembra o Nunca Mais!

 

O fim do dia… o fim de tantos passos…

No altar os anjos têm os olhos lassos;

 

Pesa a carne qual tampa tumular.

Tristis Avis! Quando a alma há de voar…?

 

Na morte repousaram Nossas Vestes;

Senhor, que fado obscuro vós nos destes!

 

A Virgem tem os olhos lacrimosos;

Sangra o poente pelos desditosos…

 

Quantos sinos ainda hão de dobrar…?

Logo virá a Hóstia do Luar.

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

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