“Tem sido bacana, o povo tem sido bom comigo”. Com esta frase o fluminense Diôgo Souza de Lima, 26, resumiu sua estada em Iguatu e como está sendo tratado pelo povo iguatuense. Ele é um cosmopolita viajante que está cruzando o Brasil numa bicicleta. Diôgo respondeu ao repórter do A Praça quando foi abordado no final da tarde da quinta-feira, 17, na praça Henrique Bandeira, no Centro, sobre sua origem. Naquele mesmo dia ele havia chegado a Iguatu. Resolveu parar na cidade para descansar e seguir viagem. Um bom repouso na Terra da Telha para um viajante que segue de bicicleta, de Nordeste ao Sudeste e Sul, transportando em média 50 quilos, incluindo o peso da bicicleta.
Diôgo disse que já percorreu 20 estados do Brasil trafegando de bicicleta. Não é por acaso que ele ganhou o apelido de ‘Diôgo da Bike’. Também já circulou por quatro países da América Latina: Peru, Bolívia, Argentina e Paraguai. Um cara tranquilo, de jeito simples e fala mansa, por onde chega faz amizades, vende seus produtos e segue adiante.
A vida dele se resume ao artesanato. Praticamente mora na bicicleta ‘bike’, companheira inseparável, por onde transporta seus utensílios para usar na viagem e os produtos para produzir as peças de artesanato. Quando a produção acumula, sem vendas, Diôgo remete as peças pelos Correios para sua mãe, que está no Rio. Quando retorna ao Rio, ele tem produção pronta para vender e voltar para a estrada.
O que Diôgo produz vai vendendo por onde passa e o dinheiro usa para se manter, comprar principalmente a alimentação. As peças principais são pulseiras, colar, anel, brinco, insetos, mandala. Quando não consegue vender, o jeito mesmo é ‘manguear’, expressão que significa ‘troca’, de mercadoria por comida, o que mostra que o viajante se vira como pode.
Bagagem
Antes de chegar a Iguatu, o andarilho passou por Serrinha, na Bahia, Salgueiro, Pernambuco, Milagres, já aqui no Ceará, Icó e finalmente Iguatu. Indagado sobre como faz para dormir e tomar banho, disse que tudo isso consegue fazer em dois lugares específicos: nas rodoviárias e postos de combustíveis. Na bagagem, além de seus objetos de uso pessoal carrega panelas, cereais, sal, tempero, água. São para cozinhar. No ‘meio do nada’ monta uma trempe acende o fogo alimentado por etanol e faz a comida. O mais curioso foi jeito de fazer o café. Ele usa duas metades de latinhas de alumínio (aquelas de cerveja, refrigerante,), para fazer seu café, com direito a coador. “E o café fica bom? Perguntou o repórter, ele garante que sim. Uma vida nada confortável, morar praticamente sobre duas rodas, ‘vender o almoço para comprar o jantar’, mas talvez aquele jovem seja mais feliz do que se possa imaginar, pela sensação de liberdade que o cerca. É assim sua vida: sem emprego para ir todo dia, nem semáforo para esperar, sem patrão, sem bater cartão, sem boleto para pagar, sem sobrecarga de impostos.
Na bagagem da bicicleta, um violão para embalar músicas e espantar a solidão. Ele disse que gosta de acariciar o instrumento e exercitar a voz.
Diôgo é filho natural do município de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Foi lá quando estava desempregado que se descobriu artesão. Começou a produzir peças e vender, daí não parou mais, até traçar uma linha no horizonte e partir de bicicleta pelo país afora.
De Iguatu o andarilho seguirá para o município de Itatira, região do Sertão Central, onde vai visitar quatro tias que residem na localidade de Lagoa do Mato. Por lá o artesão afirmou que pretende ficar por um mês, depois quer pegar a estrada e seguir em frente.
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