Quem passa pela Rua José de Alencar, à altura do número 427, vai se deparar com um artista plástico pintando seus quadros em tela de algodão e tinta acrílica, com estampas que vão desde personagens do esporte, TV, cinema e da religião, os chamados quadros sacros, até mesmo aqueles que são pintados sob a encomenda do interessado. Edilson também cria letreiros publicitários em muros, painéis em paredes, internos e externos, estampas de decoração em piscinas. Ele é o tipo do pintor assumido que trabalha misturando arte com publicidade.
Esta semana, quando o artista foi encontrado pela reportagem, ele estava reproduzindo em tela uma das passagens bíblicas mais conhecidas da história, a ‘travessia do Mar Vermelho’, quando Moisés, instruído por Deus, coordenou a saída do povo Hebreu, que era massacrado pelo sistema escravocrata egípcio, de lá para a terra de Canaã, a terra onde jorrava ‘leite e mel’, uma expressão que significava, troca da vida escrava, pela prosperidade.
Na tela
Edilson Lima, 53, é pintor do gênero há 30 anos. Natural do município de Crateús, esteve antes em Iguatu, em 2006, já trabalhando com pinturas de publicidade. Em 2012 voltou à cidade, já pintando quadros. Perdeu a conta de quantas obras suas estão espalhadas pela cidade e até nos municípios da região. Sendo um artista dono do seu próprio estilo, Edilson consegue reproduzir na tela não só personagens do mundo artístico ou de alguma religião, mas também belíssimas paisagens do sertão. Em geral reproduz cenários da vida e agruras do agricultor e sua luta pela sobrevivência, quando muitas vezes lhes falta o mínimo, até mesmo a água. As obras que mostram os cenários desoladores, indiretamente, acabam sendo uma denúncia social, e um puxão de orelha nos governantes que têm contribuição direta neste campo de sofrimento e angústia.
No ano de 2019 ele foi notícia no jornal A Praça, em matéria sobre suas pinturas. Era no mesmo endereço, já adotava o mesmo estilo de pinturas e usava a mesma estratégia: ficar na calçada de um ateliê improvisado na Rua José de Alencar, onde fica pintando e com os quadros expostos. Com isso, suas obras são vistas por centenas de pessoas que passam por ali diariamente. O artista lembrou que está na rua pintando no período da tarde, quando o espaço que utiliza é coberto pela sombra das casas. Segundo ele, às vezes os quadros ficam na calçada pela manhã, mas somente nos horários em que o sol está mais brando. “O sol muito quente, se deixar o quadro pode danificar”, lembrou.
Estilo
Edilson Lima disse que adotou o estilo de tinta acrílica em tecido, por ser mais simples, mais prático e mais econômico. Segundo ele, até mesmo na hora de comercializar é mais viável. Os quadros, que têm tamanhos diferentes, são todos confeccionados pelo artista. Ele começa com a preparação e corte da madeira, compra do tecido (Algodão) e montagem do quadro, que fica pronto para receber a tinta. A última etapa é a pintura.
Edilson disse que o estilo à tinta e óleo em tela é uma pintura mais refinada, mas demorada e cheia de detalhes, e também de custo mais elevado. “Se fosse tinta a óleo em tela, não teria como pintar assim na rua, porque tinta a óleo precisa até mais concentração”, afirmou.
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