Agora eles voltam para me atrapalhar
Seus passos rasteiros, sem vida, costumeiros a dançar sem razão ou consentimento.
Falo de meus entes queridos como os sacos de carne e merda que poucos deles não ultrapassam.
A sombra não passa de uma luz, mais forte que à própria “luz” a qual conhecemos. A maioria de vocês apenas não tem olhos treinados para verem luzes, seus olhos só enxergam prata e ouro.
Percepto da minha ansiedade perto de pessoas, cruzando a rua tenho que cumprimentá-los, outro desafio, a nuca fria e suada. Não há coincidências, há o ato de haver escolhas.
Escolheu?
Escolhes-te certo?
Momentos não são escolhidos. Por menos que 2 lágrimas.
(Prefixo para dizer que estou armado a chorar)
Raras vezes passei de uma longa e corrida, mergulhando por entre minhas espinhas, ficou meio nojento e eu perdi meu propósito.
Propósito. Me perdoe…
Frutos
Estou afogando no desespero, monopólio de sofrimento. O físico, minha casca. Calado, tanto eu e eu, Hugo calou-se sorrateiro e me fintava com esses profundos buracos sólidos e deprimentes, arrastando na minha direção, murmurando e lambendo-se.
Agonizante, lares se constroem e se destroem, o meu me deixou largado, um mendigo de afeto, exclamando apenas um pedaço de abraço ou uns dois “eu te amo” para comprar sua sanidade mental de volta. Carregando minha garrafa de solidão e, de vezes em vezes, saboreando um bom gole, amargo e quente, de realidade. Pelas antigas vielas dos sonhos degradados, eu vou vasculhando, de lata em lata, um lixo valioso, alguma escrita de amor ou ódio, um pouco de felicidade mofada ou até mais uma garrafa de solidão para me abater e me derrubar em um sono de calúnias…
Eu sou Hugo…
Aconteceu, ela me esqueceu. E agora? Ai, esse enfermo que a mim mesma carrego de não ser algo mais que um breve pensamento pra aquele alguém. Maldita, essa noite me afeta como a alucinógenos pesados. Posso sentir essas palavras, elas querem sair, se juntar, espetam minha garganta já fraca de tanto segurá-las. Já não aguento mais ter que dizer tal atrocidade sendo nada mais que amor, meu amor estranho, é esse sentimento que me corrompe e corcunda-me o dia TODO, e quando chego em casa, cansada, lamento, lamento e lamento com meus demônios. Únicos e verdadeiros companheiros. Vocês não passam de secundários, segundo plano e suas vidas são mais importantes que a de qualquer um. Basta um mísero segundo para que nos esqueçam e deixem-nos naquela caixa de sapatos molhada.
Não é, Hugo?
*Estudante do IFCE-Cedro, residente em Mangabeira, distrito de Lavras da Mangabeira
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