A Praça da Bandeira (Henrique de Souza Bandeira) tem se tornado o ponto de referência para ações culturais, lazer e entretenimento em Iguatu. O local vem sendo utilizado pelo menos uma vez por mês (terceiro sábado do mês) pela Associação dos Artesãos de Iguatu – Associart para a comercialização do artesanato local. Artesãos e artesãs buscam ampliar a clientela com amostra e comercialização do que é produzido por eles. “Começamos com um pequeno grupo, depois conseguimos formar uma associação. Muitas pessoas desistiram porque não tinham incentivos. Hoje contamos com apoio da Secretaria de Cultura, do Sebrae, do Sesc, do Senac, e estamos com novos parceiros como a Secretaria de Agricultura e a Secretaria de Assistência Social com que a gente já trabalhou alguns anos atrás, com um projeto voltado para a área da ação social”, declarou Salete Silva, vice-presidente da Associart.
A partir da diversificação dos produtos e melhoria da qualidade das peças o artesanato tem conquistado grandes espaços de comercialização e visibilidade através da ACEART em Fortaleza. “Cada artesão trabalha na sua área, produzindo o que faz, mas acertamos que vamos trabalhar com a fibra da bananeira, fazendo o artesanato e contribuindo também para trabalhar produzindo peças com a fibra da banana, para isso são capacitados para fazer esse trabalho. Todos serão pagos pelo trabalho que fazem e podem desenvolver peças também pra ele com a fibra da banana. Vamos pra roça pega a matéria prima. Não é um trabalho fácil. É trabalhoso, é bonito, mas é muito importante principalmente para o desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental, porque essa matéria prima que é descartada fora pelos produtores vai ser aproveitada por nós”, contou Salete Silva, destacando também a importância de cuidado com o meio ambiente.
Para a vice-presidente, a utilização da fibra da bananeira vai alavancar ainda mais o artesanato de Iguatu. “A fibra da banana tem um diferencial. Vai dar cara e mais visibilidade para nosso artesanato, para nosso município. Estamos participando da Rota Vida e Rota das Tradições projetos esses importantes para o desenvolvimento do nosso artesanato. Através da fibra da banana vamos ser reconhecido. Quando chega lá fora, tem todo tipo de artesanato, mas esse vai ser a cara de Iguatu. Isso é muito gratificante o reconhecimento da nossa cidade e para o artesão também”, pontuou Salete.
Atualmente a Associart tem cerca de vinte profissionais associados. “É muito difícil ser artista nesse país, artesanato mais ainda, por isso a gente tem que ter outra atividade para se manter, porque para viver de artesanato infelizmente a gente não vive”.
Sem sede
A feirinha da Associart atualmente está sem patrocínio, mas não impede que eles realizem o evento. Conforme a direção da associação, todos estão unidos no sentido de continuar realizando a feirinha porque é uma vitrine para apresentar o que de melhor produzem. Outra conquista também que desejam é de ter um espaço para sede da associação, por enquanto a Secretaria de Cultura e Turismo cedeu um espaço para que eles realizem trabalho e reuniões. “Temos esse espaço lá, emprestado, amplo porque precisamos trabalhar com a fibra e deixar no sol. Mas vamos tentar conseguir nossa sede definitiva”, afirmou Salete.
Marli Ribeiro, artesã, começou ainda na infância, quando tinha 8 anos de idade através de projetos sociais desenvolvidos pela antiga FEBEMCE. “Antigamente a prefeitura tinha em cada bairro projetos com a FEBEMCE que nos ensinavam a fazer o crochê, bordado, trabalhar com laços infantis, pintura em gesso, parafina, tinha vários projetos. Agora tô me adaptando a trabalha com a fibra da bananeira. Eu que já faço crochê passei a desenvolver essa técnica com a fibra da bananeira, não foi muito difícil até porque a técnica, que é mais trabalhoso é tirar o fio da fibra pra fazer o crochê porque não é qualquer parte da bananeira que pode ser utilizado, tem que ser um fio específico da bananeira para poder ter resistência na hora de fazer as peças”, destacou.
Marli passou a desenvolver peças seguindo como tipologia a fibra da bananeira, assim também como outras duas irmãs dela que são artesãs, Maria e Mirian Ribeiro.
Marly Paracampos, 74, é uma das mais antigas artesãs do município que ainda continua diariamente fazendo trabalho principalmente com crochê, sempre que pode participa de eventos. “Aprendi ainda criança, e de lá pra cá nunca deixei de fazer crochê. Não posso deixar porque esse trabalho ajudou e ajuda no sustento de casa. Tenho duas filhas fora, cada uma é dona de suas vidas, mas o crochê me ajuda a matar a saudade delas, porque trabalhando pra é uma terapia. Tenho que trabalhar porque é muita saudade delas. Uma é cantora mora pro lado de Palmas e outra é arquiteta mora em São Paulo. Quando a saudade bate, trabalho pra esquecer. O crochê é minha vida, aparecem uns problemas de saúde e outro pela idade, mas o trabalho me ajuda a superar. Esse evento é bom demais, me distrai, e ainda vendo algumas coisas. As pessoas encomendam”, declarou.
Comercialização
Há quase 20 anos, ainda na gestão do ex-prefeito Agenor Neto, o artesanato ganhou um espaço para comercialização do artesanato na rua Dr. João Pessoa próximo à Praça da Matriz, são três quiosques em alvenaria que precisam ser ampliados e restaurados para que os artesãos iguatuenses possam ter aquele ponto de comercialização ativado com melhorias estruturais para acolher os visitantes, turistas, moradores, além de ter melhores condições de trabalho e higiene para esses profissionais, mas bem antes em 2004, a Associart tinha uma loja no terminal rodoviário.
Além do trabalho com a fibra da bananeira, as peças expostas entre tecidos, crochê, blusas, toalhas, lençol, fraldas, caminho de mesa, pano de prato, peças em cerâmica, madeira, gesso, itens de decoração. Na feira também tem venda de comidas regionais e programação cultural. Para conhecer mais as ações da associação basta seguir o perfil @associartigt.
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