Depois de um janeiro chuvoso, as primeiras e ainda tímidas chuvas de fevereiro começaram a banhar Iguatu. O volume do rio Jaguaribe aumentou nos últimos dias, principalmente na zona rural, na região do distrito do Barro Alto, na estrada de acesso ao Gadelha.
Mesmo com pouco volume no leito, a água contribui para mudar a paisagem e até mesmo o acesso à cidade por dentro do rio. Quando sobe o nível, as balsas de madeira entram em ação, encurtando o caminho para quem se arrisca fazendo a travessia. “A gente tem que resolver uma coisa no Centro, no Alto do Jucá, no Fomento, por aqui é mais perto. As balsas ajudam a gente. Quando o rio está calmo, não é arriscado. O pessoal já está acostumado, conhece as rotas de acesso mais rasas. Eu prefiro passar por aqui do que ir pela pista, pela CE”, conta a dona de casa Euda Lima, moradora do Sítio Água Fria.
Por outro lado, o aumento do volume da água impede a passagem de veículos pelo trecho que interliga a zona rural à cidade. Na passagem do rio que dá acesso ao Distrito de Gadelha, uma das mais movimentadas, são apenas 6km que ligam o distrito ao Fomento. Já por fora, pela CE-060, chega a ser o dobro. Justamente nesse período de cheia do rio, que agricultores, trabalhadores da construção civil, entre outros profissionais, aproveitam para ganhar um dinheirinho.
Renda extra
Pedro Gonçalves, que é crediarista, aproveitou o período que está sem trabalho para fazer uma grana, fazendo a travessia de pessoas no rio. A maioria das pessoas que passam por aqui são condutores de motocicletas. Outros até se arriscam passando com seus veículos pela água. “Tem gente que acaba tentando e fica no meio do caminho. É perigoso. Dependendo da situação, a gente passa até de graça. Mas tem gente que é ignorante”, conta, afirmando que chegam a faturar cerca de R$ 200 por dia, ou até mais. Em média são cobrados de R$ 2,50 a R$ 3,00 pela travessia. “Aqui está bom, a gente tira R$ 150, 200 contos por dia. Quando diminui a água, a gente chega a tirar R$ 60, 80. Dá para ir ganhando o pão”, acrescenta, afirmando ainda que quando o rio da seco está seco, não tem grana. “Na seca a gente vai embora. Volta para o crediário, trabalhar fora, porque não tem renda aqui não. A gente aproveita para ganhar um dinheiro com as chuvas. A chuva é uma riqueza, muda tudo. Tem tudo verde, gado gordo, tem milho e feijão da roça, peixe direto do rio pra gente levar pra casa”, disse Pedro, um dos ‘barqueiros’ que disputam os fregueses durante a travessia no rio Jaguaribe.
Observador
O Jaguaribe ainda não recebeu um grande volume de água para registrar a primeira cheia, as águas que escorrem pelo leito ainda são tímidas. “Isso é água das chuvas, como choveu bem em janeiro, tem muito poços com água, mas ainda não é cheia dele mesmo não. Tem que ter mais chuva para fazer ele descer com água com mais volume”, pondera o observador hidrológico José Cieudo da Silva, responsável pelas anotações sobre o nível do volume do rio, para a Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais, e para a Agência Nacional das Águas – ANA.
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