“Muitas pessoas que pegam animais para criar, muitas vezes quando estes crescem ou ficam doentes ficam abandonados. Justamente na hora que eles mais precisam”. O relato é de Cláudia Eugênia Silva, auxiliar de serviços gerais que há cerca de quatro anos se tornou uma protetora de animais. Ela divide a casa no bairro Areias II com o esposo, um casal de filhos e a companhia de 27 felinos, a maioria fêmeas. Todos os bichinhos estão castrados. Além desses, ainda alimenta outras dezenas animais em situação de rua. Na calçada de casa, sempre tem água limpa e ração.
Cláudia, que sempre gostou de animais, passou a cuidar deles quando se mudou para uma casa maior. Eles foram chegando e a partir daí são dezenas deles espalhados em vários cantos da casa. Apesar da quantidade de bichos, 27 animais dentro de casa, eles são dóceis e comportados. “Aqui onde você menos imagina tem gato, no vitrô do banheiro, passeando por cima do balcão da cozinha, na estante e outros deitados no chão ‘frio’ da sala. O que me motiva é o amor por esses animais. Essa questão é muito grave do abandono, mas fazer isso sem ajuda financeira é mais difícil ainda. A gente cuida por amor mesmo”, disse, acrescentando ainda que às vezes as pessoas perguntam se eles recebem salário, dinheiro para fazer isso. “Pelo contrário, a gente gasta mesmo do próprio bolso pra ofertar um pouco de dignidade para esses animais. O que dá mais satisfação é recolher um animal doente, de rua, muitos prestes a morrer, cuidar deles e vê-los bem”.
Adoção
Outra situação também que preocupa esses voluntários é a falta de adoção responsável. “A gente cuida e põe pra adoção. A gente promete de ajuda em tudo, até na castração, justamente pra isso, pra adoção enquanto pequenos. Depois que crescem, até para o animal é mais difícil se acostumar”. Ela afirma que em Iguatu tem sido importante o apoio e parceria de ONGs, veterinários e o poder público, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal, que realiza programa de castração de felinos. “Temos parcerias das ONGs, com veterinários que realizam castração a baixo custo. O controle da população animal é justamente pela castração, depende dessa ação. Por isso, é importante que a pessoa que vai pegar um animal veja se tem condições de não abandonar esses animais, passando fome, sede e maus-tratos”, complementa, fazendo um apelo para que as pessoas tenham responsabilidade em fazer a adoção de um animal. “A gente recebe muitos pedidos de ajuda, principalmente de filhotes que são abandonados nas ruas, que nascem de animais já em situação de rua. São animais indefesos que não sabem se alimentar só. As pessoas devem se conscientizar. Se você vai pegar um animal pra criar, que cuide, castre, alimente. Se precisar de ajuda, procure uma orientação”, orienta.
Gratificante
O mês de dezembro é um dos períodos do ano que mais acontece abandono. “As pessoas viajam, soltam animais nas ruas. Achei muito importante a criação dessa campanha Dezembro Verde. Aqui em casa, quando preciso viajar com meus filhos, meu esposo fica cuidando dos animais. Quando ele precisa, a gente fica. Não custa nada pedir para um vizinho, deixar o animal com algum familiar. Já que a gente pega para criar, que cuide realmente. Às vezes o povo fala que a gente é doida. Eu não escolhi, foi acontecendo. Foram animais de abandono. Eu não tenho coragem de deixar um animal na rua, saber que se eu não ajudar, ele pode até morrer e depois ir dormir tranquila. Eu não consigo. A gente cria como filhos mesmo. Tem nome. Se adoece, a gente leva para o médico. Mesmo sem ter dinheiro, a gente dá um jeito. A recompensa que a gente tem é o carinho, o amor e o respeito deles. É muito gratificante”, afirma Cláudia Eugênia, pedindo mais atenção para essa causa animal.
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