Ela até parece flutuar quando dança, pelos movimentos leves do corpo, Raicy Kelly de Oliveira, 17, transmite em cada passo o amor pela dança. Desde a infância, a jovem mostra gosto por essa arte, mas somente há quatro anos pisou pela primeira vez em uma escola de dança.
“No colégio, meus amigos me viam dançar, sabiam que sempre gostei da dança, disseram que tinha um projeto social da escola de dança da professora Nayanne Rodrigues, conheci, fiz a audição e passei”, conta a bailarina que atualmente integra a Companhia Foco de Dança, além de ser monitora de balé no próprio projeto social. O gosto pela dança contemporânea, Raicy passou a dedicar-se ao balé clássico, isso há dois anos. A jovem vive agora a expectativa de ir para mais uma etapa da seleção para a Escola de Balé Bolshoi no Brasil, no próximo ano.
Esse é o maior objetivo da jovem bailarina: correr atrás de seu sonho de se tornar uma bailarina profissional. Raicy passou na primeira fase seletiva da Escola Bolshoi, que foi virtual, com envio de material gravado. Agora espera ansiosa a ida para mais uma etapa dessa vez presencial, em Joinvile, Santa Catarina.
Doações
A falta de recursos financeiros pode barrar a ida dela no primeiro semestre do próximo ano. Para realizar o sonho de ser bailarina, Raicy Oliveira conta com a ajuda da professora de dança, Naiane Rodrigues, e doação de alguns moradores para compra de sapatilhas e roupas, mas os gastos incluem ainda despesas de deslocamento, estadia e alimentação. “Essa pandemia atrasou a programação da Escola Bolshoi, mas temos confiança que tudo vai dar certo. Se Deus quiser, ela será a primeira bailarina da região Centro-Sul do Ceará a chegar a uma seletiva do Bolshoi. Pra gente é tudo. É fruto de nosso projeto social”, comentou confiante a professora.
Sem acreditar, Raicy Oliveira disse que até sentiu medo em participar dessa seletiva, mas superou a insegurança. “Deu medo, mas com tudo que vivi até hoje e venho aprendendo, para mim será mais um grande ensinamento. Eu sei que por conta da minha idade, 17 anos, é curto período para uma bailarina clássica, diferente de uma menina que começa no balé aos 3, 4 anos de idade. Mas é um momento único. Quando estou no palco, expresso o que sinto pela dança”, ressaltou a bailarina.
Sonho de todos
De família de baixa renda, caçula de seis filhos, a garota é a única filha que ainda mora com a mãe, no Bairro Sete de Setembro. A renda da família é de apenas um salário mínimo. Aluna do 2º ano do Ensino Médio da rede estadual, ano que vai continua com objetivo de concluir o ensino médio. Em casa, assiste às aulas remotas no cantinho do quarto, sentada no chão, bem perto de algumas medalhas que ganhou em festivais e das duas primeiras sapatilhas já surradas que ganhou de doação. Apesar das dificuldades financeiras, a menina segue determinada e mantém o foco. Sonho que passou a ser também da família. “Ela sempre foi assim, dedicada em tudo que faz. Desde criança que ela se destacava na escola nas apresentações, cresceu assim. É uma menina boa, dedicada, esforçada, nunca teve vergonha de correr atrás do que sempre quis. Esse sonho dela de se tornar uma bailarina profissional passou a ser nosso também. Todos nós apoiamos essa vontade dela”, comemora dona Marlene Oliveira, mãe de Raicy.
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