Relatos de incidentes com piranhas aumentaram em Iguatu, principalmente nas redes sociais. Recentemente duas pessoas ficaram feridas após serem “atacadas” por pirambebas no açude Dr. Carlos Roberto Costa, Trussu, que fica no distrito de Suassurana. Um dos banhistas teve ferimento em uma das mãos e outros em um dos pés.
Uma das vítimas que não foi identificada relatou que ao entrar na água, no Trussu, na terça-feira passada, foi mordida na mão. Ela chegou a alertar outras pessoas, mas foi ignorada, quando outro banhista acabou sendo mordido no pé por um peixe. Devido à força das mordidas, as duas vítimas apresentaram ferimentos na pele. Há relatos também que até mesmo crianças foram atacadas em balneários banhados pelas águas do açude Orós.
De acordo com Dauyzio Silva, biólogo e ambientalista, o ataque de piranhas brancas ou pirambeba, como é conhecida popularmente, é recorrente tanto no açude Trussu quanto no Orós. “A gente viu muito acontecendo no açude Orós, graças à infestação desses peixes no reservatório. E agora está indo para outros reservatórios da bacia, a gente tem agora relatos no Trussu. Eu mesmo presenciei o ataque a pessoas por pirambebas, nos açudes Trussu e no Orós, nas Barrocas em Iguatu. O meu filho foi vítima também de um ataque de pirambebas”, ressaltou.
Dilema
Segundo Dauyzio, as piranhas brancas foram introduzidas nos reservatórios da região. “São animais exóticos, que não são naturais daqui da nossa bacia, são da Bacia do São Francisco e estão ligados diretamente a ataque a pessoas e animais também, recentemente. Agora a gente está na época da piracema. Então esses animais vão para a parte mais rasa da água. E aí graças a isso acontece esse processo de ataque. Eles estão se reproduzindo justamente nessa época do inverno. Quando um açude sangra para dentro de outro, elas podem se locomover. Então isso pode estar caracterizado como uma infestação a nível regional. É necessário intervir. A gente tem alguns problemas historicamente. A gente já teve aqui ataques de piranhas pretas, que são mais perigosas. Na época o governo interviu matando esses peixes, mas não matava só eles. Matava também as espécies nativas e isso é um problema sério e causa inclusive desabastecimento para as populações que dependem da pesca. Tem essa contradição, por um lado acontecem os ataques, as pessoas ficam também no prejuízo econômico, os pescadores, outras atividades econômicas ligadas a essas águas. Mas, por outro lado a gente pode estar colocando algumas espécies nativas em ameaça também. O que pode acontecer é o controle pela introdução de espécies que são predadoras dessas pirambebas. A gente vai ter tucunarés, além de outras espécies que são predadores superiores as pirambebas”.
Dauyzio pontuou que também tem um outro viés: econômico. “A colocação de outros peixes maiores peixes, que são pescados esportivamente e também podem gerar renda para comunidades ribeirinhas. Diferentemente da piranha, que já vem atacando as pessoas, atacando também as espécies nativas, causando mais prejuízo econômico. Então a gente está nesse dilema da questão da preocupação ambiental, mas também da preocupação com as pessoas. Isso é uma questão que deve ser muito bem discutida, de imediato. Os governos tanto estadual como municipal devem identificar onde estão acontecendo os ataques e colocar avisos para a população para que possa se precaver caso vai tomar banho em algum desses espaços”.
Acidente
A espécie também conhecida por pirambebas (Serrasalmus marginatus) é temida por seu ataque agressivo a suas presas. O pequeno peixe carnívoro pode ter mais de 20 centímetros e pesa entre 150g e 250g. Eles vivem em pequenos cardumes de até 20 indivíduos. Com dentes afiados e triangulares, mandíbula forte e um focinho achatado, esse tipo de peixe também tem um sistema auditivo evoluído. No entanto, de acordo com Dauyzio Silva, o animal não costuma atacar seres humanos.
A Prefeitura de Iguatu, sabendo dos peixes, afirmou que os banhistas devem evitar o tomar banho nesses locais para evitar acidentes. A gestão municipal disse que recebeu relatos de moradores de que algumas piranhas e pirambebas foram introduzidas no açude de maneira acidental, quando foi realizado o peixamento no reservatório. A recomendação é que o banho no local seja evitado.
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