Como tenho pena de ti! O algoz de punhal afiado te cortou em pedaços. Tuas riquezas estão diminuindo. O pobre não participa da vida. Teu povo está na miséria. O preço abusivo dos alimentos acelera a fome e traz o suspiro da morte. A comida só aparece nos ricos salões.
O desemprego destaca nas ruas as multidões, que sem nada são jogadas nas valas das periferias. São tantos pedintes, criaturas anônimas que vagam de um canto a outro da cidade à procura da vida. Sem voz e sem rosto, o percurso é sem sucesso. Não há trabalho nem teto.
Um rio de sangue corre em tuas veias. Violência e mortes contra Mulheres, negros, homossexuais. Salva-se quem tem dinheiro e poder. Ataques em casa e nas ruas. Estimula-se o ódio. Muitos vivem a tristeza dos funerais e acompanham a morte como distração.
Terras desmatadas, rios poluídos, animais mortos, povos indígenas massacrados enquanto o capital dispara dinheiro nos bolsos gordos de quem patrocina o crime. O poder exerce seu fascínio. Sob o jugo de um infeliz governo, há atrocidades e retrocessos. A consciência ainda é pouca e a tragédia se anuncia.
A roda da fortuna só gira para quem reza pela mesma cartilha dos nobres. Quem pode dobrar a esquina e comprar jornal é bem-aventurado. A maioria não consegue dar pequenos passos, seu direito é negado, a liberdade de expressão é tirada. E os políticos que imprimem o discurso da meritocracia aplaudidos.
A nossa riqueza cultural, meu Brasil, não é para todos. Política podre na ala de frente. É vetado o usufruto dos bens culturais. Os projetos são inviabilizados, o artista não entra em cena e ninguém limpa o chão. Democracia na lama e na boca das serpentes a constituição.
O Brasil em flagelo. As campanhas de eleição mostram de perto a “vida de gado”, o “povo marcado” – povo infeliz. Nem todos conseguem abrir as porteiras de seus currais e muitos morrem atolados nos excrementos produzidos pela elite política e econômica.
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