A pandemia do novo coronavírus e o isolamento social têm chamado a atenção para o aumento dos casos de violência. No mês de conscientização sobre o combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, o município de Iguatu, através do sistema de garantia de direitos de proteção à infância, deu visibilidade ao tema com a promoção de diversas atividades on-line.
Neste ano, a ‘Campanha Faça Bonito’ teve à frente o Conselho Tutelar do Município. Na terceira semana de maio, com uma série de atividades para alertar sobre situações de vulnerabilidade durante a pandemia. A mobilização aconteceu em alusão ao Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescente, lembrado em 18 de maio.
Conteúdo digital com dicas sobre o que fazer neste momento de isolamento social; lives com debates nas redes sociais, anúncios em emissoras de rádio, informando sobre violência e formas de denúncia; além de seminários virtuais; foram as frentes articuladas no momento.
Por causa de ações tomadas para conter a propagação da pandemia de Covid-19, milhões de crianças em todo o mundo muito provavelmente irão enfrentar ameaças à sua segurança e a seu bem-estar, o que inclui maus-tratos, violência de gênero, exploração, exclusão social. “Acionamos especialistas e redes de proteção para esse enfrentamento, promovemos encontro on-line com intuito de informar, capacitar e fortalecer famílias, igrejas e organizações”, disse Camila Machado, conselheira tutelar.
Denúncia
As denúncias de abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes podem ser feitas no conselho tutelar mais próximo ou ligando para o Disque Denúncia Nacional – Disque 100, um serviço de utilidade pública que recebe e encaminha denúncias de violências contra meninos e meninas. A ligação é gratuita e o usuário não precisa se identificar. “Entendemos que estamos em uma situação de extremos. Nunca passamos por uma crise sanitária dessa magnitude, estamos mudando hábitos e formas de trabalhar, conviver e nos relacionarmos. Isso tudo impacta primeiro, e mais intensamente, as pessoas em situação de maior vulnerabilidade, entre elas, crianças e adolescentes. Isoladas, dentro de casa com aqueles que podem ser seus abusadores, elas correm grande perigo. Precisamos, com urgência, chamar a atenção da sociedade para esse grave problema”, explicou Rita Clares, assistente social.
Números e escuta especializada
A cada 15 minutos, uma criança ou adolescente sofre violência sexual no Brasil. O agressor é familiar ou conhecido da vítima em 77% dos casos. No Ceará, 418 crianças e adolescentes sofreram crimes sexuais neste ano de 2020. Os dados são oriundos de órgãos de segurança. E como foco de prevenir a ‘revitimização’ de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violências física, psicológica, sexual ou institucional, bem como estabelecer o Sistema de Garantias de Direitos da Criança e do Adolescente, foi implantada no município desde o ano passado a escuta especializada. O setor, de abril a dezembro de 2019, registrou 49 casos de violência contra crianças e adolescentes em Iguatu. “São dados exorbitantes. O que mais surpreende é que 43 dos casos culminaram em violência sexual. A escuta não vem com o intuito de responsabilização ou de comprovação de veracidade dos casos. Nosso dever é a garantia e o bem-estar das vítimas através da rede de apoio”, ressaltou Aline Simplício, psicóloga.
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