Após anos de espera, finalmente os moradores da Rua Bevenuto Mendonça estão vendo as obras do lendário ‘canal da Bevenuto’ avançarem em direção ao final do trecho, onde desemboca no rio Jaguaribe. O canal por onde passa grande parte das águas pluviais da cidade está recebendo obras de paredes estruturais, nova laje e ampliação.

Até pouco tempo, cerca de 20 anos atrás, toda a extensão do canal era a céu aberto, de lá para cá as obras, principalmente de cobertura com laje, têm sido por etapas, ocorrendo em gestões diferentes. Agora está sendo refeita a estrutura de concreto, areia, cimento e ferro, que forma a laje de cobertura. Historicamente o canal da Bevenuto Mendonça sempre foi alvo de problemas. A laje não suportava peso de carro, por causa da estrutura frágil.

As obras atuais realizadas pelo município de Iguatu com recursos da CAF atendem a uma reivindicação antiga das famílias, que esperaram até a exaustão, até que os serviços fossem iniciados. Um projeto novo, observados os critérios principalmente de qualidade e segurança, contempla nova laje de cobertura, já que em alguns trechos do canal ela nem existia.

Um exemplo claro é a parte final de um braço do canal, ao lado da rua 25 de março. Lá o trecho não tem cobertura e os moradores convivem diariamente com fedentina, proliferação de insetos e risco de acidentes. No trecho, existem residências dos dois lados e o drama vivido pelas famílias com os problemas estruturais é de longa espera. O secretário de Governo, Marcos Ageu, afirmou que este trecho do canal também está contemplado para receber as obras.

Marcos Ageu garante que a obra é vultosa o suficiente para ser destaque, pela importância socioeconômica para a comunidade. Por ser um projeto novo e moderno traz mudanças pontuais em relação ao que era. Conforme o secretário, por se tratar de uma laje comum e com material de pouco tempo de vida útil, com o passar do tempo foram ocorrendo deteriorações, pelo fato do canal receber, não só água da chuva, mas também água e dejetos de esgoto, o ácido sulfídrico, enxofre, que é liberado, desagrega o concreto e ataca a armadura de ferro, provocando o rompimento e resultando nos constantes desabamentos.

O canal da Bevenuto Mendonça é o sangradouro para as águas pluviais da lagoa da Bastiana. Ele parte do sangradouro da lagoa, nas imediações do parque de exposições do Rotary, cruza parte da cidade indo em direção ao rio Jaguaribe. Um ponto de convergência praticamente de 50% das águas da chuva na área urbana da cidade. Foi construído em dois moldes distintos, um de alvenaria de pedra, que compreende o trecho da rua Antônio Mendonça em direção ao aeroporto, e outro com parte coberta com laje inclinada no formato ‘trapezoidal’, seguindo da Antônio Mendonça em direção à Fransquinha Dantas.

Mudanças

O secretário Marcos Ageu afirmou que o projeto inicial contemplava uma ampliação do canal em 600 metros num trecho da rua 25 de março até o túnel do aeroporto. Mas houve uma mudança no projeto, pelo fato deste trecho ter apenas dois quarteirões com aglomerado de casas. Segundo Ageu, um novo estudo técnico mostrou que seria mais viável ampliar apenas 150 metros para atender as duas quadras povoadas, e fazer a troca da cobertura com pré-laje de ponte em toda extensão, melhorando inclusive a parte estética e oferecendo melhores condições de tráfego, uma vez que pelo quadro existente o canal tem uma largura de 3,5 metros localizado no meio da rua, com duas faixas estranguladas, uma de cada lado, que não permitia a passagem de carro por cima da cobertura, pelo risco de acidentes com desabamento. Outro argumento para as mudanças foi libertar as famílias que residem no entorno do desconforto em respirar diariamente o ar fétido e insalubre exalado de dentro do canal, oriundo da concentração de águas de esgoto, pelas centenas de ligações clandestinas de residências jogando água servida e dejetos para dentro da estrutura. Ageu explicou que as tubulações das residências para deságue de água servida e dejetos estão sendo mantidas, mas todo o entorno ao longo do canal será beneficiado com a construção da rede de esgotamento sanitário. Quando isso ocorrer, o canal deixará de receber essas águas.

Marcos Ageu informou que já foi feita a placa da Antônio Mendonça até a rua 25 de março, cuja estrutura era de parede de pedra argamassada, feita também a ampliação dos 15 metros e na parte ‘trapezoidal’ que não tem suporte para placa, está sendo construída uma parede de pedra de um lado e do outro, para a colocação de viga de concreto, cimento e ferro, de modo a receber a nova laje com melhor estrutura e mais segura. Outra mudança prevista no projeto é que o canal não receberá mais as águas provenientes do Canal do Julião, deságue de águas de mesma origem, que junta outras águas dos bairros Cajueiro, Terra Bela e adjacências. Segundo Marcos Ageu, essa carga pluvial está sendo desviada por outro destino, evitando o afogamento do canal da Bevenuto.