Aplicado desde março de 2019, o incentivo à criação de camarão em cativeiro vem atraindo produtores em Iguatu. A nova atividade é vista como uma alternativa viável e fonte de renda diante da dificuldade de água por conta da seca que atinge esta região nos últimos anos. Com um crescimento considerado de produtores, o setor já vislumbra uma produção de 1,5 tonelada por dia e incremento de R$ 10 milhões no ano a partir de 2021.
Hoje o município possui 17 produtores distribuídos em propriedades na zona rural da cidade, como Sítio Barra, Barro Alto e Serrote. O município não tem mercado para abranger toda a produção local, mas o camarão produzido na cidade já está sendo comercializado para mercado na região Sudeste do País.
Um hectare chega a produzir por ano de 10 a 12 toneladas de camarão através de três ciclos. Em média, para um tanque de um hectare são necessários 15 mil metros cúbicos de água, que são reutilizados. Em sua maioria abastecidos por poços, os tanques quando povoados por PL, (Pós Larva) têm uma perda esperada na média a 40%. Para o camarão atingir um tamanho bem maior que o padrão de comercialização de 10cm, são necessários 85 dias.
Energia, ração, mão de obra e medicamento são os custos da atividade que finalizada em torno de 50% do faturamento. O quilo da iguaria é comercializado em até R$ 20,00.
Programa
Apesar de não ser um grande gerador de empregos, há perspectiva também para o ano que vem a formalização de 200 empregos diretos associados à produção. A Secretaria de Agricultura e Pecuária faz o acompanhamento da atividade através do programa intitulado “Camarão de Iguatu”, que visa incentivar a carcinicultura com apoio por meio de mão de obra especializada. “A mão de obra e o acompanhamento são feitos por cinco profissionais, que vão de engenheiro de pesca, geólogo, topógrafo, biólogo ao coordenador. O nosso propósito é aplicar o conhecimento e fortalecer o setor”, disse Marcos Venâncio, titular da pasta municipal.
O programa ajuda ainda na elaboração de projetos e encaminhamentos de pedidos de licença na Semace e na Cogerh. A tecnologia acaba sendo uma grande vantagem para quem cria o crustáceo, pois o manejo correto pode ser o diferencial na boa produção, principalmente os cuidados com a água, para deixar o criatório livre de doenças, entre elas a mancha branca, vírus presente no Ceará. “Entrei com o capital e pouco sabia da lida. Mas o que era 1 hectare no início consegui transformar em 4 áreas do mesmo tamanho. Estou gostando”, resumiu Jacinto Assunção, que considera rentável sua mais nova atividade.
Referência
O Ceará já foi o maior produtor do crustáceo do país. Hoje quem puxa a maior produção é o estado do Rio Grande do Norte. A interiorização da produção é o caminho para a retomada do lugar mais alto do ranking conforme, Murilo Barroso, coordenador do Programa Camarão de Iguatu. “A ‘macha branca’ foi o grande vilão dos tempos áureos do estado, mas hoje a tecnologia ajuda e mostra que a cultura é mais rentável se comparada com as que hoje são aplicadas em Iguatu. Acredito que em um futuro próximo veremos o município como referência absoluta no interior”, disse.
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