‘Cáritas, há 60 anos construindo o bem viver, a serviço do reino de Deus.’ É o tema principal das comemorações alusivas aos 60 anos de instalação da Cáritas na Diocese de Iguatu. A programação especial acontece hoje, sábado, 6, logo mais a partir das 7h30, no Centro Pastoral Diocesano, no Planalto. Um dia de atividades, reencontros e comemorações pela atuação e missão da Cáritas no território da Diocese de Iguatu.
A programação começa logo cedinho com acolhimento e café da manhã para os participantes e se estende até o final da tarde. “Iguatu é solo sagrado em que a Cáritas reacende a esperança, a resistência e o profetismo ao longo desses 60 anos de atuação. Por isso, convidamos com muita alegria todas as comunidades, grupos, parceiros, irmãos e irmãs da caminhada para celebrar esse momento festivo, principalmente sob a luz do Evangelho”, convidou Mara Crislane de Oliveira, coordenadora da Cáritas de Iguatu, juntamente com toda equipe e diocese.
O encontro tem como objetivo recordar a história, reanimar a mística, a espiritualidade e fortalecer o compromisso com a construção do bem viver a serviço do reino de Deus. “É missão da Cáritas Diocesana de Iguatu: testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do bem viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”, acrescentou a dirigente.
Desde 1962
A Cáritas é um organismo da Igreja Católica. Está presente em mais de 100 países e, no Brasil, foi criada no ano de 1956, pelo bispo Dom Hélder Câmara. Na diocese de Iguatu, a Cáritas iniciou sua ação em maio de 1962, no mesmo ano da criação da diocese. Esse início foi motivado e organizado por dom José Mauro Ramalho (in memorian), o primeiro bispo diocesano de Iguatu. “Ao menos nos primeiros dez anos de ação da Cáritas Diocesana, assim como a Cáritas em todo o Brasil, eram realizadas ações assistenciais como distribuição de alimentos, roupas e outros atendimentos às famílias empobrecidas residentes nas paróquias da área diocesana, principalmente em períodos de seca. Desde a sua criação, o trabalho da Cáritas tem como fundamento o amor, a solidariedade e o compromisso com a vida, principalmente, dos pobres, os preferidos de Deus”, ressaltou Crislane.
O encontro de recordações tem a intenção de motivar as pessoas para o fortalecimento
desse trabalho junto às comunidades realizada pela Cáritas, integrando principalmente a Rede Permanente de Solidariedade – RPS, da Cáritas. “A Cáritas Diocesana é um importante organismo da diocese de Iguatu. Realiza um trabalho de acompanhamento e atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade social desenvolvendo atividades em que os sujeitos acompanhados se tornem protagonistas na luta por uma sociedade mais justa, em agricultura familiar camponesa sustentável seja fortalecida e produza alimentos saudáveis, em que as pessoas conheçam seu direito na vivência da incidência comunitária das políticas públicas. As pessoas também podem conhecer e serem voluntárias da Cáritas”, ponderou Mara Crislane.
Recordação da vida
Nesse momento de festa será lembrado o legado de dom Mauro Ramalho, o primeiro bispo da diocese de Iguatu. Na perspectiva da promoção humana a Cáritas Diocesana, com o então bispo dom José Mauro na época, percorreu o território da Diocese, indo às mais diversas comunidades e paróquias organizando o povo com o curso de promoção humana, com orientações básicas de higiene pessoal e comunitária, alfabetizando as pessoas, organizando sindicatos e o engajando a defesa das comunidades atingidas por barragens, a busca de seus direitos de cidadãos e cidadãs. “Então celebrar 60 anos é celebrar a vida de muitas pessoas que contribuíram muito para que a Cáritas chegasse até o presente momento. É fortalecer a missão”, complementou.
Compromisso
No final dos anos 90, a Cáritas Diocesana repensou sua ação e se propôs a trabalhar com as comunidades, sempre na perspectiva da conquista de direitos. Foi aí que assumiu como prioridades principais desenvolver ações de Convivência com o Semiárido e a Conquista e Controle Social das Políticas Públicas. Passou a fazer “com” ao invés de fazer “para”. Ao longo dessa caminhada, vem procurando adequar a sua ação, de acordo com as exigências da realidade onde atua, mas o que não muda é o seu compromisso com as pessoas empobrecidas por um sistema concentrador de riquezas e que nega à grande maioria, os direitos básicos à vida digna como terra, água e todas as políticas que garantem “vida e vida em abundância”. E a caridade libertadora no território da Diocese de Iguatu é expressada nas ações realizadas pela Cáritas Diocesana como: bem viver, convivência com o semiárido, na luta por direitos e incidência nas políticas públicas, economia popular solidária, sementes crioulas, juventudes, agroecologia, mulheres entre outros.
A Cáritas Diocesana de Iguatu acredita que o semiárido é um lugar bom de se viver, que essa é a nossa terra prometida onde corre leite e mel. Mas essas transformações libertadoras só serão possíveis de serem alcançadas com a autonomia e o protagonismo dos empobrecidos.
São objetivos da Cáritas Diocesana de Iguatu: realizar estudos relativos à problemática promocional, educacional e social, buscando soluções tecnicamente adequadas para que vigorem na sociedade, a justiça social, a solidariedade humana e a caridade cristã; coordenar e articular Cáritas Paroquiais, seus membros e sócios e as entidades filiadas, paróquias, prestando orientação e assistência técnica, especialmente através de assessoria, cursos de capacitação e avaliação; desenvolver iniciativas na área de promoção humana, educação de base, assistência social e assistência técnica e extensão rural; providenciar, mediante convênios, campanhas ou qualquer meio adequado, recursos paroquiais, sempre que solicitada ou na forma do presente Estatuto, perante as autoridades e organismos públicos ou privados; promover a segurança alimentar e nutricional: defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável.
Saiba mais
Procurando adequar-se para os novos tempos, a Cáritas Brasileira deixou de ser parte do Secretariado Nacional de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, em 1966, constituindo-se como entidade jurídica autônoma, ligada à CNBB. Foi também a partir de 1966 que as Cáritas passaram a organizar-se como organismos autônomos, com estatutos próprios com a criação, no nacional, nos regionais e em muitas dioceses. O Departamento de Projetos foi um espaço para a busca de outras fontes de recursos para projetos com objetivo de promoção humana. Começam a surgir outras fontes de cooperação internacional, especialmente a partir dos anos 1975, com as Cáritas de países da Europa e mesmo outras organizações. As Assembleias deram oportunidade de redefinir os objetivos, da metodologia, da relação com a Pastoral Orgânica. Em 1974, um Seminário definia que a Cáritas tinha como objetivo pastoral-social: assistir, educar e promover pessoas, grupos e comunidades mais necessitadas, à luz da doutrina social da Igreja. O ponto de partida foi sempre agir com a prática do diálogo com as pessoas, deixando claro que as ações implementadas são direitos delas, ou pequena parte dos seus direitos reais. E por isso, a Cáritas colocava-se como parceira para dar outros passos, desenvolver lutas para alcançar esses e outros direitos, de modo especial os que estiverem ligados à reconstrução, melhorada, se fosse o caso, de suas condições de vida.
Caridade
A origem da palavra “caridade” vem do latim “caritas”. A expressão caridade, com o sinônimo de solidariedade, desvinculada das noções de esmola e de assistencialismos, ou seja, não se fala somente de caridade, mas de “caridade libertadora”, da construção do Reino de Deus na terra. A “caridade libertadora” busca ter em conta a opção pela causa e prática dos empobrecidos, a compreensão e atuação a partir de uma leitura crítica da realidade; opta pela ação coletiva; pelo protagonismo e defesa de direitos das pessoas excluídas. É essa “caridade libertadora”, que expressa de forma mais concreta a solidariedade na Cáritas, que tem como missão iluminar e reforçar a incidência nas políticas democráticas. Para tanto, acredita que a caridade, o amor libertador se faz presente em todas as formas de solidariedade mesmo nas de socorro imediato, desde que realizadas como reconhecimento de um direito das pessoas e como um convite para uma prática maior de cidadania.
Rede Permanente de Solidariedade – RPS
A RPS é um espaço de articulação de diversas formas de solidariedade como bazar, voluntariado, 10 milhões de estrelas, campanhas, Cáritas Paróquias e inclusive financeira. É uma maneira de congregar pessoas e entidades para somar esforços junto à Missão da Cáritas na Promoção da Solidariedade Cristã. A solidariedade é uma das qualidades do povo empobrecido: repartem o que precisam para viver; repartem a própria vida, agindo unidos em defesa do seu direito de viver e de serem reconhecidas como pessoas portadoras de todos os direitos que os cidadãos e cidadãs têm na sociedade brasileira.
A Cáritas tem como finalidade permanente organizar a solidariedade em favor dos empobrecidos e empobrecidas que vivem em situação de risco na comunidade local, em outras comunidades, no País e no mundo. Esta é uma dimensão difícil, mas é ela que dá o caráter profético e libertador à sua ação. Para agir, a Cáritas é movida pela solidariedade de muitas pessoas, de modo especial pela ação de tantos voluntários; e tem origem na solidariedade brasileira e de outros povos, parte importante dos recursos necessários. A sua solidariedade também pode transformar vidas e, juntos/as, podemos construir um mundo mais justo para todos/as. Se você acredita na força da solidariedade, junte-se a nós“. Procure a Cáritas Diocesana e veja como você pode contribuir com a Rede Permanente de Solidariedade.
Serviço:
Data: 6 de maio de 2023
Horário: A partir das 7h30
Local: Centro Pastoral Diocesano
Programação
• 7h30 – chegada;
- 7h30 – 8h30 acolhida e café da manhã;
- 9h – celebração eucarística;
- 10h30 – linha do tempo da ação da Cáritas recordando a história;
- 11h30 – homenagens;
- 12h – 13h – almoço;
- 13h – exposição de produtos, sementes, fotos e ação da Cáritas;
- 13h30 – apresentações culturais, apresentações dos grupos,
- 16h30 – encerramento
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