Esquecidos e deixados para trás, eles vão se transformando em latas velhas, quase que sem nenhuma utilidade. Os carros abandonados nas ruas ocupam estacionamentos e outros espaços públicos. Mais do que isso, viram alvo de vandalismo. A reportagem do A Praça recebeu reclamação de usuários do trânsito de que esses carros estão prejudicando o fluxo e virando depósito de lixo, animais mortos e a mira de vândalos.
São utilitários, caminhonetes e automóveis, que um dia já tiveram grande significado para alguém, mas que hoje não passam de amontoado de lataria, esquecidos nas ruas da cidade. Pela exposição ao sol, e aos eventos do vento e da chuva, esses carros vão virando ferro velho, de pouco valor econômico, talvez apenas valor sentimental.
Os veículos, de marcas e modelos diferentes, estão em locais distintos. Na Rua Júlio Cavalcante há pelo menos uns três enfileirados. A reportagem localizou o proprietário dos veículos, o senhor José de Socorro, que assumiu a propriedade. Quando indagado porque deixou os carros na rua, “Zé de Socorro’ informou que foi por achar que sendo de sua propriedade os imóveis onde os carros estão estacionados em frente, poderia deixá-los ali o tempo que precisasse. O proprietário informou que os veículos estão à venda, mas independente de vender ou não se comprometeu em retirá-los da rua. Ele pediu o prazo de uma semana.
Mais próximo dali, em outra artéria há um cemitério de fuscas. Fusca abandonado também na Rua 12 de outubro. Os proprietários dos veículos não foram localizados para informarem também o motivo do abandono. Na Rua José de Alencar, perto do cruzamento por onde passa o canal da Bevenuto Mendonça, há um fusca estacionado há dias, caracterizando também abandono.
Na Av. Dr. José Holanda Montenegro, uma caminhonete que foi largada no estacionamento foi alvo de vandalismo. Moradores disseram que um homem chegou, jogou combustível e ateou fogo. O suspeito não foi localizado, o carro D-20 a Diesel, ficou com a cabine, capô e parte da carroceria completamente destruídos. O proprietário que reside num imóvel em frente ao estacionamento não atendeu ao chamado.
Patrimonial e sentimental
Os carros são objetos de sonho de consumo para qualquer pessoa. É motivo de orgulho olhar para ele estacionado na garagem de casa. Olhar e ver essas máquinas ao relento e ainda em situação de abandono é de partir um coração. Os carros, hoje esquecidos nas ruas, já protagonizaram muitas histórias para seus proprietários. Seja na lida diária transportando mercadoria, levando alguém para passear, a viagem de negócios, ou até suas cabines foram usadas para um cochilo, ou até mesmo para namorar. Carro, além de ser um bem patrimonial, também tem valor sentimental.
O comerciante José Wilson, cujo estabelecimento fica em frente a uma fileira de carros abandonados, na Rua Júlio Cavalcante, declarou que os veículos abandonados na rua são um problema. “Servem para juntar lixo, acumular água dentro, porque muitos nem têm vidro nas portas. As pessoas jogam animais mortos debaixo, sem contar que podem causar acidentes”, ressaltou. O comerciante disse que já reclamou à prefeitura, mais de uma vez, mas nenhuma providência foi tomada.
Se os carros tivessem coração, cérebro, raciocínio, e sentissem dor, alegria, emoção, tristeza, muito provavelmente estariam pesarosos e tristes, por terem sido abandonados, esquecidos à luz da própria sorte, virando alvo fácil para vândalos nas ruas da cidade. Essas máquinas fantásticas que já foram tão úteis para alguém, realizando transporte de pessoas, produtos, objetos, hoje, não passam de um amontoado de ferro velho descartados em via pública.
Lei de Recolhimento
A reportagem procurou a Secretaria de Trânsito e Segurança do Município para se posicionar sobre o assunto. O titular da pasta, Antônio Filho, disse que recebe com tranquilidade a reclamação dos usuários e garantiu se debruçar sobre o tema, inclusive visitando os locais citados na reportagem. Antônio Filho ressaltou que “o município criou a Lei de Recolhimento de Veículos Abandonados, porém ainda existem alguns pontos da Lei que deixaram algumas dúvidas e por isso solicitamos parecer da Procuradoria Jurídica, para que possamos colocá-la em prática”, declarou.
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