“Assim, um príncipe sábio pensará em como manter todos os seus cidadãos, e em todas as circunstâncias, dependentes do Estado e dele; e aí eles serão sempre confiáveis.” – Nicolau Maquiavel
Se há algo que não entendo – e acho que jamais entenderei -, amigo leitor, é a paradoxal ‘‘liberdade’’ alicerçada no dispêndio do Estado. Ou seja, os críticos do capitalismo querem viver às custas do Estado e, entretanto, não querem que o mesmo intervenha em qualquer outra área da sua vida, que não seja a do auxílio paternal aqui subentendido.
Ocorre, meu caro, que o revolucionário em questão parece ignorar completamente que é o cidadão comum quem custeia qualquer assistencialismo exacerbado que onera os cofres públicos. E, claro, o cidadão comum contribui graças ao seu emprego. E o seu emprego, em sua maioria, advém da iniciativa privada – não pública. O que gera a riqueza de um país é o sistema capitalista, não a União.
Se todos fossemos funcionários de Estado, estaríamos em maus lençóis. Estaríamos em uma situação de dependência direta da gestão da vez. Em outras palavras, estaríamos sob o regimento de um sistema totalitário: sem liberdade, sem oportunidade de escolha, sem opção de considerar o que seria melhor para nós e para os nossos.
Acaso eles já esqueceram que todo povo dependente em demasia de um sistema, é aviltado pelo mesmo? Esqueceram dos fascistas, dos nazistas, dos comunistas? Na realidade, os esquerdistas (em sua maioria) carregam em sua lembrança apenas os dois primeiros regimes déspotas; o último, eles sequer reconhecem como genocida, totalitário e radicalmente prejudicial a qualquer ser que respira.
Assim sendo, amigo, é preciso ter cautela quando se ignora o gerador da riqueza (capitalismo), em benefício de um Estado máximo, interventivo, assaz presente. É bem provável que o preço a se pagar seja alto demais pelos aparentes benefícios que ele possa vir a ofertar.
Se eu não confio no Estado enquanto gestor de um sistema posto político complexo e duvidoso, que dirá para atender às minhas necessidades, que são ainda mais complexas e mutáveis a cada dia? Não há liberdade onde há dependência!
A ‘‘autossuficiência’’ pressupõe não uma total independência constitucional para com o poder constituído, seus deveres e direitos, mas sim quando consideramos e percebemos que somos nós mesmos que devemos ser responsáveis pelo nosso destino. E é mediante o trabalho, que tal destino (ou chame de caminho… tanto faz) é traçado, galgado alicerçado na consciência de que somos nós os geradores de riqueza, não o utópico idealista que, com suas vestes vermelhas, espera que o governo lhe assista em todas as suas necessidades.
Que compita ao governo toda sorte de atribuições, mas nenhuma obrigação por parte do indivíduo, ao que parece[?]. Então, meu caro, seria prudente, presumo, considerarmos, como disse, quem verdadeiramente gera a riqueza do nosso país, que seja, o ‘‘malvado’’ e criticado capitalismo, tão odiado pelo socialista de iPhone, pelos globais que brincam de serem pobres, pelos partidos de esquerda, que igualmente dele (do sistema capitalista), assim como a lúcida direita, se beneficiam, embora os canhotas o critique como objeto de manobra para convencer massas de incautos doutrinados etc. Que o Estado seja retraído. Isso sim é salutar! Deixemos o liberalismo em paz!
Portanto, sugiro cautela ao reivindicar um Estado máximo… Cautela…
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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